Título: Petrobras deve investir até US$ 10 bi em nova refinaria
Autor: Severo, Rivadavia
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/05/2008, Empresas, p. C1

16 de Maio de 2008 - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou que a Petrobras estuda a possibilidade de construir a maior refinaria de petróleo do Brasil, em São Luís, no Maranhão, com capacidade para processar de 400 mil a 500 mil barris por dia de petróleo pesado brasileiro. O custo da usina, segundo o ministro, está estimado entre U$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões. No momento, a Petrobras realiza estudos sobre a viabilidade do projeto e, caso venha a ser construída, a refinaria teria capacidade de produção duas vezes superior as maiores que operam no País, que giram em torno de 200 mil barris de óleo diariamente. O empreendimento seria erguido a partir de 2009 e levaria sete anos para ser finalizada. O petróleo da refinaria será transformado em gasolina com baixo teor sulfúrico (entre outros combustíveis) e terá como destino o mercado norte-americano e de outros países, disse o ministro ontem em entrevista em Brasília à agência "Bloomberg News". Segundo informação da agência, a Petrobras quer aumentar o lucro processando um percentual maior da produção petrolífera em vez de exportá-la. O Brasil, que exporta gasolina para os Estados Unidos, precisa instalar novas refinarias e equipamentos para satisfazer os parâmetros mais severos sobre combustíveis no mercado norte-americano, explicou. "Já está decidido que a refinaria será no Maranhão", disse o ministro. "As decisões finais estão sendo tomadas para a compra da terra, de modo que a construção possa começar no primeiro trimestre de 2009", acrescentou. Plataforma de exportação São Luís, na costa nordeste brasileira, é o melhor lugar para sediar uma refinaria orientada para exportações, disse à Bloomberg News Ildo Sauer, professor de energia da Universidade de São Paulo (USP), que dirigiu a divisão de gás natural e energia da Petrobras até setembro. Sauer está envolvido no planejamento estratégico de refino da empresa. "É sem dúvida o melhor lugar", disse Sauer em entrevista para a agência. "Não apenas é próximo a todos os mercados importantes de exportação, mas tam-bém da parte de mais rápido crescimento dos mercados de combustíveis no Brasil, o nordeste", acrescentou o professor. A Petrobras também pretende construir um terminal de importação de gás natural liqüefeito (GNL) com a Galp Energia de Portugal no Maranhão, estado natal do ministro Lobão, para importar gás da Venezuela. O terminal, que irá processar o gás natural liqüefeito, ajudará a aumentar a demanda pelo combustível do nordeste, disse Lobão. Caso a demanda por combustível aumente, poderá haver interesse em levar avante um projeto de US$ 20 bilhões com 150 milhões de metros cúbicos por dia, denominado "Grande Gasoduto do Sul." O projeto ira fornecer uma conexão de gás natural entre Venezuela , Brasil e outros países sul-americanos, e foi proposto pelo presidente venezuelano Hugo Chávez , segundo disse Lobão. "Caso o gasoduto não vá até a Argentina no início , poderá ir para o nordeste brasileiro; os trabalhos poderão começar em cinco ou seis anos", disse Lobão, que visitou a Venezuela na semana passada para discutir a cooperação energética e o gasoduto. "No momento a demanda por isso ainda não é suficiente." Venezuela e Brasil também analisam planos de troca de eletricidade entre as represas hidrelétricas do Amazonas, acrescentou. Perfuração do Carioca A Petrobras já completou a prospecção de metade da profundidade de seu depósito de águas profundas de Carioca, e precisará de mais tempo para determinar seu porte, disse o ministro das Minas e Energia, para a agência Bloomberg News. Carioca é parte da nova região brasileira de pré-camada de sal, uma área petrolífera encoberta por até 2.000 metros de água e até 4.000 metros abaixo do fundo do mar. Ela abriga também o campo de Tupi, que detém até 8 bilhões de barris de petróleo e é a maior descoberta de petróleo do Hemisfério Ocidental das últimas três décadas, disse Lobão. Apenas 15 poços foram perfurados na região de pré-camada de sal pela Petrobras e por concorrentes como a Exxon Mobil Corp. e a Royal Dutch Shell Plc, disse Lobão. O Brasil precisará perfurar mais poços e necessitará de pelo menos mais um ano para obter um bom quadro de toda a região de pré-camada de sal, disse ele.(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(, com Bloomberg News