Título: Cresce desemprego entre jovens, diz IPEA
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/05/2008, Nacional, p. A4

Brasília, 21 de Maio de 2008 - O Brasil tem a maior taxa de jovens desempregados do mundo, entre dez países consultados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). E a idade de quase metade dos desempregados varia de 15 a 24 anos. Nessa faixa etária, o desemprego é 3,5 vezes maior do que observado entre os adultos com mais de 24 anos no País. O índice cresce a cada ano, pois em 1995 a diferença era de 2,9 vezes e em 1990, 2,8 vezes, conforme mostra a pesquisa "Juventude e políticas sociais no Brasil", realizada em 2005, 51,1 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos. Demonstrando preocupação, o Ipea defende uma política específica para atender a juventude brasileira, a fim de reduzir o desemprego e as desigualdades, já que é esse público que definirá o futuro econômico do País. A taxa de jovens desempregados no Brasil é superior a de vizinhos latino-americanos, como México, de 40,4%, e Argentina, de 39,6%. A distância é maior quando se compara a países desenvolvidos, como Reino Unido, cuja taxa é de 38,6%, Suécia, como 33,3% e Estados Unidos, onde a proporção é de 33,2%). Na Itália o desemprego entre os jovens atinge 25,9%), enquanto na Espanha chega a 25,6%. Na França, o percentual é 22,1% e na Alemanha, 16,3%. Os técnicos do Ipea constataram que o desemprego é maior entre os jovens porque são demitidos por um custo mais baixo para as empresas e também porque elas os consideram menos "essenciais" devido à menor experiência. A preocupação com o jovem não resume apenas ao trabalho. O técnico de planejamento e pesquisa do Instituto, Roberto Gonzalez, destaca a necessidade de criar uma política específica ampla que inclua também a saúde, por exemplo. "Precisa se criar uma política que seja capaz de incluir os jovens no mercado de trabalho sem haver o abandono à educação", disse. "E é preciso se preocupar também com à gravidez e a Aids, por exemplo", acrescenta Gonzalez. A pesquisa mostra que os jovens de hoje usam mais camisinha em relação aos dos anos 1980. Porém, eles ainda se arriscam a não usar o produto. Em 1986, apenas 9% declaram usar camisinha na primeira relação, taxa que subiu para 49% em 1998. Em 2004, a proporção subiu para 53%. Os rapazes se cuidam mais do que as moças, sendo que 64% deles disseram sempre usar camisinha com parceiros eventuais. Por outro lado, apenas 45% declararam o uso do produto. Uma outra questão é a violência, responsável pelos altos índices de mortalidade entre os adolescentes e jovens brasileiros de 15 a 29 anos, período etário considerado de alto risco quando certamente poderia ser um dos mais saudáveis do ciclo vital. Nessa faixa etária, a pesquisa mostra que o número de homens que morrem supera o das mulheres. A alta taxa de mortalidade entre os jovens do sexo masculino, que entre 2003 e 2005 chegou a ser quase cinco vezes maior que entre as mulheres da mesma idade, se deve principalmente a uma grande exposição à violência. Entre 2003 e 2005, morreram cerca de 60 mil jovens do sexo masculino, a maior parte das mortes ¿ 78% ¿ foi causada por fatores externos, majoritariamente associadas a homicídios e acidentes de trânsito. Entre as mulheres, os óbitos causados por esses fatores representam 35% do total. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)()