Título: Britto defende financiamento público
Autor: Carneiro, Luiz Orlando
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/05/2008, Politica, p. A7

Brasília, 21 de Maio de 2008 - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, fez ontem uma advertência aos candidatos às próximas eleições municipais: "Só tem futuro político quem compreender que estamos vivendo esta era em que nada, durante muito tempo, pode se passar às escondidas. Tudo vem a lume, tudo vem à tona e, quem não compreender isto vai se dar mal". As palavras do ministro foram dirigidas aos representantes dos partidos políticos que foram convidados para uma reunião técnica, no TSE, destinada a tirar dúvidas sobre a resolução do tribunal sobre as novas regras de arrecadação de fundos e prestação de contas nas campanhas eleitorais deste ano. Ayres Britto aproveitou a ocasião para defender o financiamento público das campanhas e disse ter esperança de que a medida seja adotada "em breves tempos". Ele também afirmou que o País vive "uma quadra histórica mais qualificada, por coincidir com uma fase mais amadurecida da nossa democracia". A "quadra histórica" a que se refere o presidente do TSE é "de afinação dos princípios democráticos, desde que compreendamos a democracia como um princípio de organização do Estado e da sociedade que prima pela transparência, que prima pela visibilidade, pelo máximo de informação ao grande público e por esta espécie de mobilidade que o poder assume, que vem de baixo para cima e não de cima para baixo". Ayres Britto lembrou aos representantes dos partidos (ausentes o PT, o PSDB e o DEM) que, hoje, "estão interligados os setores de acompanhamento dos negócios do poder, como a Receita Federal, o Coafi, a Controladoria Geral da União, o Tribunal de Contas da União e o TSE". O ministro Ayres Britto calcula que, no pleito municipal de outubro, concorrerão cerca de 400 mil candidatos às prefeituras e câmaras de vereadores. Diante dessa previsão, todos os comitês de campanha deverão ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para prestar contas coletivas e individuais. A finalidade, segundo Ayres Britto, é otimizar o funcionamento de um sistema eletrônico único, implantado para orientar, acompanhar e fiscalizar as atividades de arrecadação e de aplicação de recursos em campanhas eleitorais. "Uniformizamos os procedimentos técnicos em todo o País no âmbito da prestação de contas, o que colocou a Justiça Eleitoral em uma posição privilegiada, conhecendo cada um dos fornecedores, doadores e financiadores de campanha. Isso enquanto não é aprovado ¿ e eu espero que seja ¿ o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais." O encontro serve para mostrar aos futuros candidatos os principais pontos da Resolução n.º 22.715/08, que trata da arrecadação e da aplicação de recursos. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)()