Título: Bancos buscarão crescimento por meio de novas parcerias
Autor: Nascimento, Iolanda
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/05/2008, Finanças, p. B2

São Paulo, 21 de Maio de 2008 - O sistema financeiro mundial deverá avançar no processo de globalização e costurar mais parcerias, a fim de ganhar maior eficiência e reduzir custos, para quadruplicar de tamanho até 2025, ano em que o faturamento esperado para o setor ficará próximo de US$ 1,3 trilhão, aponta pesquisa da IBM, realizada em parceria com a unidade de inteligência do The Economist. O levantamento considera a opinião de 637 executivos, entre presidentes e vice-presidentes, de 320 instituições financeiras espalhadas por 89 países. A grande maioria dos entrevistados, 82%, já alinhavou ou pretende formar acordos estratégicos para conquistar novos mercados e oferecer serviços mais eficientes. Desse total, 65% quer aumentar o relacionamento com empresas fora do setor, como as de tecnologia da informação, telecomunicações e de logística, entre as principais. Denominado "Nenhum banco é uma ilha: globalize-se antes que globalizem você", o estudo aponta qual o tema central que tirará o sono dos dirigentes do setor ao longo dos próximos anos. A expansão para mercados externos é apontada por 40% dos executivos como a principal estratégia na busca pelo crescimento. Para 80% dos dirigentes das instituições localizadas em países mais desenvolvidos - os "mercados veteranos" (Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá e Japão), como separou a pesquisa - a presença externa é importante para ampliar a base de clientes, já que elas têm um portfólio de produtos consolidado. "O crescimento tende a ser reduzido nesses mercados, em que a população já é bancarizada. Para crescer mais, tem que disputar market share em outros países", afirma Luís Simões, consultor responsável pelo setor financeiro da IBM Brasil. Ele explica que a pesquisa foi dividida em dois grandes blocos: o de mercados maduros e o de "mercados de oportunidades", que são de crescimento acelerado, onde o Brasil está inserido, mas difere por ter um sistema financeiro regulado, estruturado e com uma oferta de produtos semelhante a do primeiro bloco. São esses países considerados de oportunidades que estão na rota de crescimento dos bancos dos mercados maduros. "Há um conjunto de 57 países, sem contar os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que está com crescimento anual acima de dois dígitos em suas economias, o que tem demandado uma grande quantidade de pessoas pulando de classes sociais e buscando por serviços globais que antes não tinham acesso, como os serviços bancários", exemplificou. Os executivos dos bancos dos mercados de oportunidades também disseram querer avançar no exterior, mas a maior preocupação é aumentar o portfólio: 60% dos entrevistados querem buscar novos produtos para os seus clientes . O mais surpreendente do estudo é que 51% dos bancos de varejo consideram fraca ou moderada a capacidade de integração global. O que é preciso entender, segundo Simões, é que para ser global não precisa ser grande, em especial se o modelo de negócio é operado de maneira virtual. "O conceito está mudando. Os bancos regionais, por exemplo, que estão enfrentando a concorrência dos grandes players, também estão indo para os mercados veteranos, mas sem deixar de lado o que já conquistaram. No caso do Brasil, os grandes regionais foram lá fora para o mercado de capitais, a fim de oferecer novos produtos a seus clientes. Vai tirar vantagem da globalização quem se especializar, principalmente, no seu cliente." Participaram do estudo no Brasil mais de 20 instituições, diz Simões, acrescentando que o grande desafio para os bancos brasileiros será aprimorar a gestão de custos. "É mais que eficiência", afirma, explicando que o sistema financeiro local tem um espaço enorme para avançar na redução de custos, em especial, na área de infra-estrutura que aqui, diferente do que vem ocorrendo em países desenvolvidos, não é compartilhada. "Cada um tem sua rede de ATM." Uma das análises da pesquisa, diz Simões, é que os presidentes vão formar cada vez mais parcerias na áreas de transporte, tecnologia e telecomunicações porque estão dando conta de que os bancos não podem ser provedores de tudo, o que acaba refletindo nos custos. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)()