Título: Vou para a convenção
Autor: Ribeiro, Fernando Taquari
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/05/2008, Politica, p. A9

São Paulo, 26 de Maio de 2008 - Pré-candidato do PP à prefeitura de São Paulo, o ex-prefeito e deputado federal Paulo Maluf está em quarto lugar nas pesquisas com 8% das intenções de voto, segundo o último levantamento do Datafolha, divulgado no dia 18 de maio. O deputado tem oscilado entre 10% e 8% desde o início das pesquisas. Gazeta Mercantil - Por que deixar a Câmara dos Deputados para disputar a prefeitura paulistana? Sou candidato para ganhar e resolver de vez os problemas de São Paulo. Tenho 76 anos e vou fazer a administração da minha vida. Quero deixar como biografia minha. Além disso, o último prefeito que realmente foi obreiro na capital, num volume jamais visto, foi o Paulo Maluf. Gazeta Mercantil - O senhor cogita a possibilidade de abrir mão da candidatura em favor do prefeito Gilberto Kassab? Há negociações com o democratas para uma aliança? Não vou abrir mão da candidatura própria. Falo isso para sem reservas e gravado. A convenção já está marcada para o dia 22 de junho. Tenho apreço pelo Gilberto Kassab e não é porque eu sou candidato que vou falar mal dele. Ele foi vereador comigo, deputado estadual e federal eleito na minha coligação. Tenho por ele, portanto, um sentimento de amizade política bastante antiga. Mas conversa política já faz anos que não temos. Gazeta Mercantil - Integrantes do PP garantem que o senhor teve um encontro secreto com Kassab. Eu me encontrei com o Kassab com cinco mil testemunhas, inclusive estava toda a mídia do País no palanque montado para a inauguração da Ponte Otávio Frias de Oliveira. Da outra vez, escute uma fonte um pouquinho mais idônea. Gazeta Mercantil - Por isso que procurei o senhor... (Gargalhada). Desculpe a ironia. Me diga o seguinte, que fonte eles têm para afirmar que eu estive com o Kassab? Segundo, eu posso estar com o Kassab. Ninguém me patrulha. Gazeta Mercantil - Houve uma reunião entre os deputados federais Beto Mansur (PP-SP) e Vadão Gomes (PP-SP) com o governador José Serra (PSDB), para negociar a adesão do PP à coligação do prefeito Gilberto Kassab? A mídia diz que houve. Eu não estou a par. Agora, o encontro deles não me deixa chateado, porque se você vem aqui na Câmara dos Deputados todo mundo se encontra com todo mundo. Hoje, eu estive com o PT (risos). Conversa política quem faz no partido é a executiva e não eu. Se o Vadão Gomes visitou o Serra ou o Beto Mansur, eu não vejo nada de mal. Só que o Vadão tem o seu domicílio eleitoral em Estrela do Oeste, não vota aqui. O Beto Mansur, em Santos. Quem vai decidir isso é a convenção municipal. Gazeta Mercantil - Como fica o desejo do deputado federal, Celso Russomano (PP-SP), de sair candidato na capital paulista? Acho legítimo. Mas ele tem que postular perto da convenção. Como, aliás, o Alckmin está fazendo. Eu derrotei o Laudo Natel, que era o candidato do Ernesto Geisel e do João Figueiredo (1978). Depois derrotei o Mario Andreazza que era o candidato do regime militar para a Presidência da República. Fui eu o candidato contra o Tancredo Neves (PMDB). A convenção é soberana. Acho normal o Celso Russomano ir para a convenção. Se ele ganhar vai ter meu apoio. Se perder, acho que ele tem que me apoiar. Gazeta Mercantil - O senhor não cogita a hipótese de aliança? Enquanto for presidente estadual do partido, não. Time que não entra campo não tem torcida. Então, vou sim para a convenção. Acho que vou ser indicado democraticamente o candidato do partido. Se eu for para o segundo turno, aceito o apoio de outros partidos. Se eu não for, o partido vai decidir quem apoiar. Gazeta Mercantil - Mas o senhor disse que não abre mão da candidatura. Não é que eu não abro mão. A população me deu o direito. Para sua lembrança, na capital eu tive 398 mil votos para deputado federal. Eu não tiro o valor do Orestes Quércia, mas ele para governador teve 301 mil votos. Gazeta Mercantil - Qual sua expectativa? Estou um ano e meio fora da mídia. A Datafolha fez uma pesquisa onde estou com 10 pontos e conforme o cenário posso subir até 18. Então, acredito que na hora que começar a campanha, vou subir. Gazeta Mercantil - Um dos principais problemas da cidade é o trânsito. O senhor já tem propostas? Vou construir uma lage em cima do Rio Tietê e outra sobre o Rio Pinheiros. Serão oito faixas. Vou ligar o Aricanduva até Interlagos diretamente. Sem nenhum semáforo. Entra aqui e sai lá. Gazeta Mercantil - O presidente Lula está com 70% de aprovação popular. Qual a sua avaliação? Nenhum governo fez o que o Lula está fazendo. Neste aspecto, ele é exemplar. Ele não segura ninguém, nem amigos. Manda investigar, manda para o Ministério Público e demite. O Lula é um dos presidentes mais corretos que eu conheço durante o meu tempo de vida pública. Gazeta Mercantil - E o Congresso, não está desmoralizado com os escândalos de corrupção e uma certa inércia dos parlamentares em legislarem? O Congresso não está desmoralizado. Você tem 5% ou 10% de gente que não deveria estar aqui. Mas o que você pode fazer? Se você quer uma democracia, quem vota é o povo. Está aqui porque foi eleito. Agora, a mídia só dá atenção para os maus políticos. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)()