Título: Receita de serviços aumenta 94,4% em sete anos, diz BC
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/05/2008, Finanças, p. B2

São Paulo, 28 de Maio de 2008 - A receita dos bancos com serviços teve aumento de 94,4% em termos reais no período de 2000 a 2007, revela estudo apresentado pelo economista do Banco Central Sérgio Mikio Koyama, no III Seminário sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária do Banco Central, realizado ontem em São Paulo. A pesquisa mostra que a receita dos bancos com serviços saltou do valor nominal de R$ 9,1 bilhões em dezembro de 2000, quando correspondia a 10% da receita total, para R$ 28 bilhões em junho de 2007, correspondendo a 14,5% da receita total. Os valores foram atualizados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A receita de tarifas bancárias começou a ter relevância após a estabilização trazida pelo Plano Real. Quando o País registrava altas taxas de inflação, as instituições financeiras podiam prestar serviços sem a cobrança explícita de tarifas, visto que a receita com floating garantia retorno suficiente para a cobertura dos custos da prestação de serviços. Com a queda drástica da inflação, essas receitas, da ordem de 4,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 1993, recuaram para 2% do PIB em 1994 e para patamares desprezíveis nos anos seguintes. A perda de receita inflacionária levou as instituições financeiras a realizarem ajustes nas estratégias de cobrança de tarifas bancárias. Os dados constam no estudo elaborado em conjunto pelos economistas Fani Lea Cymrot Bader e Tony Takeda, com base numa amostragem de 50 conglomerados financeiros. "Os serviços bancários foram a forma encontrada pelos bancos de compensar as perdas sofridas com o fim da receita de floating", explicou Koyama. A comparação com outros países mostra que o crescimento da receita de serviços no total da receita bancária acompanha a média mundial. No Brasil, a receita com serviços correspondia a 11% da receita total dos bancos em 2000. No ano seguinte, este percentual se manteve no mesmo patamar e em 2002 recuou para 7%. Saltou para 12% em 2003 e 14% em 2004, voltando para o nível de 13% em 2005. Na média mundial, a receita com serviços ficou em 11% nos anos de 2000 e 2001, saltou para 12% em 2002, 14% em 2003, 15% em 2004 e voltou para 14% em 2005. Tarifas bancárias Dados compilados pela Capgemini, EFMA (Associação Européia de Gestão e Marketing Financeiro) e ING a partir de uma amostra com 180 bancos de 25 países revelam que o custo médio mundial para a manutenção dos principais serviços bancários para um cliente com perfil de atividade média é de ¿ 77. No Brasil, um usuário pouco ativo tem uma tarifa de R$ 175,00 ao ano, para um usuário médio o valor é R$ 260,00 ao ano e, para um usuário muito ativo, o valor é R$ 372,00 ao ano. Segundo o Banco Central, das 82 tarifas cobradas até março deste ano, 22 incidiam sobre serviços ligados à realização de pagamentos; 9 estavam vinculadas a serviços de manutenção da conta-corrente; 9, a operações excepcionais; e apenas duas, a depósitos e saques. As demais tarifas estavam relacionadas a operações de crédito, cobranças e capital estrangeiro e câmbio. Pesquisa elaborada pela Fundação Procon/SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) datada de fevereiro deste ano compara as tarifas vigentes em diferentes bancos e demonstra que o valor mínimo cobrado anualmente pelos bancos para renovação do cadastro da conta-corrente especial é R$ 15,00 e o máximo, R$ 39,00, o que representa uma diferença de 160%. O valor mínimo cobrado mensalmente para manutenção da conta-corrente especial é R$ 8,00 e o máximo, R$ 9,00, o que representa uma diferença de 12,5%. A renovação do cheque especial trimestral tem custo mínimo de R$ 21,00 e máximo, de R$ 25,00, uma diferença de 19%. O envio de talão de cheques pelo correio custa no mínimo R$ 3,60 e no máximo, R$ 6,00, enquanto a manutenção mensal do cartão magnético custa no mínimo R$ 1,67 e no máximo, R$ 4,00, uma diferença de 139,5%. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)()