Título: Balança fecha com saldo recorde para maio
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/06/2008, Nacional, p. A5

Brasília, 3 de Junho de 2008 - A balança comercial se recuperou das perdas provocadas pela greve dos auditores fiscais da Receita Federal e obteve em maio o melhor saldo para este mês. O superávit comercial somou US$ 4,077 bilhões, mais que o dobro do US$ 1,743 bilhão apurado no mês anterior e é 5,81% maior do que os R$ 3,853 bilhões contabilizados em igual mês do ano passado. É também o melhor resultado obtido no ano até agora, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior divulgados ontem. A melhora do saldo comercial é atribuída à suspensão da greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que durou 54 dias. Ou seja, os registros de exportação ficaram retidos entre 18 de março, inicio da greve, e 11 de maio, fim do movimento. O secretário de comércio exterior do ministério, Welber Barral, disse que os registros de exportação, liberados com um mês de atraso, atingiram US$ 1,2 bilhão, elevando as exportações para um recorde mensal de US$ 19,306 bilhões em maio. As importações também registram uma cifra inédita para maio, ao totalizarem US$ 15,229 bilhões. Os embarques em maio cresceram 41,4% em relação ao mesmo período do ano passado e 37,3% sobre abril deste ano. Já as importações aumentaram 55,49% sobre maio do ano passado e 23,6% em relação a abril. Entretanto, no ano o saldo comercial atinge US$ 8,655 bilhões, quase a metade dos US$ 16,758 bilhões apurados em igual período do ano passado. De janeiro a maio, as exportações totalizaram US$ 72 bilhões, cifra 20% maior que a registrada em idêntico período de 2007. Já o ritmo das compras permanece mais acelerado, beneficiado pelo dólar em baixa. As importações totalizam US$ 63,3 bilhões, valor 46% maior do que nos cinco primeiros meses do ano passado. No acumulado em 12 meses, o superávit de US$ 31,918 bilhões é 33,19% menor do que o apurado em igual período anterior. O resultado de maio, segundo Barral, foi fortemente influenciado também pela retomada das exportações puxada pela sazonalidade dos embarques da safra de grãos que começa a partir de abril e vai até novembro. "Pois mesmo excluindo os US$ 1,2 bilhão obtidos no mês passado pelo atraso dos registros, tanto as importações como as exportações foram recordes", destacou. Porém, disse Barral, o forte crescimento das exportações obtido em maio não representa uma tendência para os próximos meses. Isso porque as exportações no mês foram ganharam peso pelo fim da greve dos auditores fiscais que inflou os registros, sobretudo das vendas das commodities. "Isso é mais visível nas commodities porque é permitido o embarque delas com o atraso dos registros", disse. Apenas os embarques de três produtos básicos, como petróleo, minério de ferro e grãos, sobretudo soja, responderam por 75% do saldo comercial de maio. Superávit com a China "A expectativa é de que as exportações cresçam pelo o aumento do preço médio dos produtos, pela sazonalidade da safra de grãos, pela retomada das exportações de petróleo e pela política industrial", disse. Ele acredita que a retomada das exportações de petróleo deve acontecer pelo fato de a Petrobras ter recomposto os estoques. Entretanto, o secretário manteve a meta do ministério para este ano, que é de US$ 180 bilhões em exportações. No mês, o Brasil voltou a registrar superávit com a China. O saldo foi de US$ 700 milhões. O mesmo aconteceu com os Estados Unidos. O saldo ficou positivo em US$ 500 milhões. Entretanto, no ano o déficit do Brasil no comércio com a China é de U$ 1,45 bilhão, ou US$ 413 milhões acima do apurado entre janeiro e maio do ano passado.