Título: Alta da Selic deve prosseguir pelo tempo que for necessário
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/06/2008, Finanças, p. B2

Brasília, 13 de Junho de 2008 - O Banco Central ameaça manter o aperto monetário para controlar o aumento dos preços no País e convergir as expectativas de inflação para a meta. A ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada ontem, destaca que o aumento da Selic deve prosseguir por um tempo "necessário" para atingir tal objetivo. Segundo o BC, a economia continua aquecida, com geração de emprego, aumento da renda, do crédito e do nível de atividade. Porém, acrescenta, persiste o descompasso entre o ritmo de crescimento da demanda e da oferta agregadas e isso "tende a agravar o risco para a dinâmica inflacionária". A despeito do aumento da inflação, o BC acredita que conseguirá convergir as expectativas para a meta. "O Comitê acredita que a atual postura de política monetária, a ser mantida enquanto for necessário, irá assegurar a convergência da inflação para a trajetória das metas." Segundo a ata, o preço do petróleo é fonte sistemática de incerteza advinda do mercado internacional, sobe desde a semana passada e continua volátil. As pressões inflacionárias globais têm se intensificado e uma possível recuperação "consistente" da economia dos Estados Unidos deve acontecer somente a partir do próximo ano, o que requer mais atenção do BC, consta do documento do Copom. As expectativas de inflação continuam a se desviar do centro da meta, de 4,5%. Segundo o último boletim Focus, do BC, as previsões de inflação, medida pelo IPCA - índice que baliza as metas de inflação - apontam para 5,55% este ano. Porém, ainda dentro da margem de 2,5 pontos percentuais para baixo ou para cima. "De fato, a deterioração do cenário prospectivo se manifesta nas projeções de inflação consideradas pelo comitê", destaca a ata, que explica o motivo que levou o Copom a elevar o juro na semana passada. A Selic subiu 0,50 ponto percentual para 12,25% ao ano. Para o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a autoridade monetária acertou a mão em começar o aperto monetário diante da pressão inflacionária global. "Vemos no Brasil um dos poucos casos do mundo em que um Banco Central se antecipou a esta situação séria de inflação. E, com isso, o Brasil vai lidar com um custo menor do que outros países que cederam à tentação e não seguraram o juro na hora certa". (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)()