Título: Impacto da crise é menor, diz Mantega
Autor: Correia, Vanessa
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/06/2008, Nacional, p. A4

São Paulo, 17 de Junho de 2008 - O ministro da Fazendo, Guido Mantega, afirmou ontem que o Brasil tem o desafio de enfrentar uma crise financeira internacional com forte choque de commodities. "O mundo vive hoje uma onda inflacionária e, embora o Brasil esteja sofrendo alguns impactos, é um dos países menos afetados por essa onda inflacionária. Isso demonstra o acerto da nossa política econômica, monetária e fiscal." "No passado, quando havia uma crise como essa, um choque no petróleo, uma crise de commodities, imediatamente uma onda inflacionária varria o Brasil e éramos levados à estagnação. Hoje conseguimos controlar a inflação com vários instrumentos - aumento do superávit primário, aumento da taxa de juros, redução do crédito onde é excessivo", disse Mantega. Ainda segundo ele, essas medidas restritivas não comprometerão o crescimento do País. "O crescimento vai continuar a despeito desses problemas, que atribuo à economia mundial e à economia brasileira, em menor escala." "Resfriado" e "pneumonia" "Antigamente, quando havia um resfriado nos Estados Unidos, ele se tornava uma pneumonia para o Brasil. Hoje, diante de uma pneumonia nos Estados Unidos, nós pegamos um pequenos resfriado. Então as coisas se inverteram", brincou o ministro. Mantega lembrou o salto econômico pela qual o País passou nos últimos anos. "Em 2002, quando estive na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ninguém podia imaginar que o Brasil seria grau de investimento após seis anos. Naquela época, o País era considerado relativamente frágil, e com possibilidade de sofrer uma crise cambial. Não me passava pela cabeça que poderíamos ter uma mudança qualitativa tão importante nas condições econômicas, financeiras e sociais". Mantega também lembrou que até o início dos anos 2000 o Brasil registrava crescimento médio inferior a 2,5% ao ano. "Nos últimos quatro anos, mudamos de patamar e estamos no patamar de crescimento de 5% ao ano. Isso não teria sido possível sem a colaboração do mercado de capitais." O ministro da Fazenda disse que os números registrados pelo mercado de capitais brasileiro comprovam essa colaboração. "O volume de captação do mercado de ações saltou de R$ 22 bilhões em 2005 para R$ 174 bilhões no ano passado. A captação dos fundos de private equity saltou de R$ 3,2 bilhões em 2002 para R$ 59 bilhões no ano passado. Já o valor das empresas listadas em Bolsa passou de 29,7% do PIB, em 2002, para 98,2% do PIB este ano. Além disso, existem 100 empresas listadas do Novo Mercado, o que significa melhoria de qualidade de governança corporativa", disse. Mantega completou que a integração entre Bovespa e BM&F criou a terceira maior bolsa de valores do mundo. "Portanto, tem uma respeitabilidade internacional. A BM&F Bovespa vai continuar contribuindo para que o Brasil tenha essa trajetória sólida, que nos levou não só ao grau de investimento, mas também ao reconhecimento mundial." (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(