Título: Combate à inflação é prioridade, diz Lula
Autor: Feltrin, Luciano
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/06/2008, Nacional, p. A5

São Paulo, 17 de Junho de 2008 - Um forte discurso de combate à inflação dominou o início da agenda semanal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos dois principais ministros da área econômica de seu governo, Henrique Meirelles, presidente do Banco Central (BC), e Guido Mantega, da Fazenda. "Pela minha própria história pessoal, sei como a inflação é ruim para os mais pobres, pois corrói os salários. E, mesmo que a origem desse choque seja basicamente externa, temos que evitar que aumentos temporais se transformem em um crescimento permanente da inflação", afirmou Lula em evento na BM&F Bovespa, onde foi homenageado pelo alcance do grau de investimento. O Presidente da República defendeu medidas recentes - como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF ) e da alíquota de compulsório, cobrado nas transações de arrendamento mercantil (leasing). "Além disso, o BC continua administrando a política monetária para garantir que a inflação fique dentro do centro da meta indicado pelo governo e que eventuais desvios pontuais não prejudiquem o ritmo sustentável da economia", disse. Na avaliação de Lula, o País saberá aproveitar o momento - de alta demanda mundial pelas principais matérias-primas que fornece - para continuar crescendo. Mas não poderá recuar no combate à inflação. "Não podemos permitir que a inflação volte a atrapalhar o sonho de estabilidade deste País. Não é apenas uma responsabilidade do Banco Central nem do Ministro da Fazenda", citou. "Sabemos quais são os instrumentos para lutar contra ela. Todas as vezes que a inflação sobe por demanda os economistas tendem a reduzir sua importância", disse Lula, explicando que o aumento dos índices de produtividade da agricultura familiar, que representa cerca de 60% da quantidade total de alimentos consumidos no Brasil, será um importante componente para manter a inflação em níveis sustentáveis a médio prazo Na mesma linha de Lula, o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, também presente ao evento na bolsa, disse que os acertos da política monetária e fiscal estão sendo os principais responsáveis pela redução dos impactos aos quais o Brasil está sendo submetido pela crise internacional. "O mundo vive hoje uma onda inflacionária, causada pelo choque de commodities, e embora estejamos sofrendo esses choques, somos um dos países menos afetados", disse. "A inflação subiu no Brasil menos do que na maioria do mundo", comparou Mantega. Para o Ministro da Fazenda, por possuir um conjunto de condições favoráveis - entre as quais dois selos de grau de investimento - o Brasil não abortará o crescimento. "A despeito das turbulências globais, temos os instrumentos necessários para lutar contra a inflação local", disse Mantega, citando o aumento recente do patamar das taxas de juros e a elevação do superávit primário como necessários. Falando sobre o atual momento do mercado de capitais brasileiro, que agora conta com a 3ª maior bolsa do mundo em valor de mercado, o presidente do BC, Henrique Meirelles, aproveitou para defender os principais pilares da política econômica brasileira. "A consolidação da estabilidade está levando a economia a uma mudança no perfil do investidor, com alongamento de prazos e queda de prêmios", disse. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)()

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