Título: Gravidez e desigualdade no país preocupam, diz ONU
Autor: Hugo Marques
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/09/2004, Nacional, p. A-8

A gravidez na adolescência e a desigualdade entre ricos e pobres no acesso a serviços reprodutivos no Brasil são dois problemas que preocupam as autoridades do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), segundo informou ontem a representante do organismo no Brasil, Tania Cooper Patriota. O alerta foi feito durante a divulgação do Relatório sobre a Situação da População Mundial 2004.

A Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece vários avanços do Brasil, principalmente nas políticas de educação, redução da mortalidade infantil e combate à AIDS. Mas um balanço da execução de metas acertadas durante o Consenso de Cairo (Egito), há dez anos, mostra que a falta de dinheiro para as políticas públicas, os preconceitos de gênero e as diferenças de atendimento aos pobres nos sistemas de saúde estão prejudicando alguns avanços na área de saúde reprodutiva e no combate à pobreza. "A gravidez na adolescência no Brasil é uma preocupação", disse Tania Patriota.

Nas estatísticas fornecidas por 179 países que se comprometeram em contribuir para melhorar as políticas públicas para diminuir a desigualdade e a pobreza, o Brasil aparece mal em alguns indicadores. A taxa de mortalidade materna no Brasil é de 260 mulheres para cada 100 mil nascidos vivos, quase dez vezes maior que no vizinho Uruguai, onde morrem 27. O Brasil registra 73 nascimentos de crianças por cada grupo de mil mulheres entre 15 e 19 anos de idade, ante 44 nascimentos nessa faixa no Chile e 16 no Canadá.