Título: BNDES busca novas fontes de recursos
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/06/2008, Nacional, p. A4

Brasília, 6 de Junho de 2008 - Agência Brasil Brasília O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, informou ontem que a instituição de fomento necessita elevar para R$ 300 bilhões os desembolsos da instituição de 2008 a 2010, para atender a demanda dos setores industrial e de serviços. Como já estão previstos R$ 210 bilhões, Coutinho informou que vai buscar mais R$ 90 bilhões ao longo destes três anos. Ele participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), realizada no Palácio do Planalto. "Nós estamos em tratativa junto ao Ministério da Fazenda para buscar novas fontes domésticas e vamos buscar no mercado uma parte dos recursos", disse Coutinho. Outra fonte de recursos, segundo ele, é a carteira de ações do banco, que tem ajudado à medida que se valoriza. Coutinho disse ainda que é preciso no futuro que o BNDES seja mais seletivo e priorize, na concessão de crédito, projetos mais nobres. "É a criação de capacidade industrial nova. A inovação tecnológica e a criação de infra-estrutura nova. Essas três prioridades serão observadas na alocação de recursos mais baratos que são aqueles remunerados com base na TJLP [Taxa de Juros de Longo Prazo], principalmente as verbas do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador]", disse. O presidente do BNDES também sugeriu a criação de um fundo intergeracional de riquezas para o Brasil como forma de poupança para gerações futuras, incluindo recursos previdenciários. Citando o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, que fez um balanço da produção de petróleo no País, Coutinho afirmou que o tamanho da província petrolífera brasileira já identificada é de tal magnitude que é preciso repensar as regras vigentes referentes a exploração do mineral. De acordo com Coutinho, essa riqueza tem uma representação de tal escala que ela nem sequer deve ser repensada para a atual geração, mas também para as futuras. "Eu creio que a construção de um Fundo Intergeracional de Riqueza à semelhança do que a Noruega e outros países têm, deva ser pensada", enfatizou. Coutinho afirmou ainda que não se trata de deixar de remunerar a iniciativa privada, mas, sim, de contribuir, com mudanças legais, para o desenvolvimento de todos os brasileiros. O presidente do BNDES defende uma discussão sobre o tema, pois considera que o patrimônio nacional mudou de forma significativa com uma nova "constelação de riquezas". O presidente do BNDES também mostrou preocupação com o destino dos recursos provenientes dos royalties do petróleo. Ele sugeriu mudanças nas regras para o pagamento de royalties a estados e municípios pela exploração dos poços petrolíferos. "Acho que as regras precisam ser repensadas, as regras legais. Não é possível imaginar dilapidar isso de uma maneira pontual, com royalties mal calibrados. É preciso ter royalties sim, mas a calibragem disso precisa ser repensada", acrescentou Coutinho. Para ele, é preciso gerenciar as riquezas que o País produz hoje, pensando no futuro. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Agência Brasil)