Título: Preço de commodities e expectativa sobre juros derrubam a Bovespa
Autor: Filgueiras, Maria Luíza
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/06/2008, Finanças, p. A4

São Paulo, 4 de Junho de 2008 - O suspense sobre a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) na reunião que termina hoje e o recuo nos preços das commodities no mercado internacional afetaram negativamente a performance da Bolsa de Valores de São Paulo. O Ibovespa fechou ontem com queda de 2,62%, a maior baixa desde 29 de abril, quando retraiu 2,82%. O pregão fechou a 70.011 pontos, tendo atingido o mínimo de 69.602 pontos - há quase um mês a bolsa paulista não caía abaixo dos 70 mil pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,59 bilhões. O desempenho refletiu a queda das principais ações do Ibovespa - os papéis da Petrobras e da Vale do Rio Doce, parâmetros de negociação no Brasil, registraram queda de 4,69% e 3,57% respectivamente nas ações preferenciais. O volume de negociações das ações PN da estatal petrolífera foi o maior dos últimos 45 dias, de R$ 1,28 bilhão. Na Vale, foi o maior volume em quatro meses. Correu nas mesas de negociação que os investidores internacionais se desfizeram de grande volume de papéis brasileiros. "Houve a percepção do mercado de que estrangeiros venderam bastante hoje, saindo principalmente de Vale e Petro", afirma Clodoir Vieira, economista e chefe de análise da corretora Souza Barros. Já havia expectativa de que os estrangeiros que estavam fazendo negócios na bolsa paulista visando o curto prazo, até a classificação de grau de investimento, realizassem o lucro, se desfazendo dos papéis. Aliado a isso, o preço do barril de petróleo caiu 2,7%, a US$ 124, o menor patamar em duas semanas, bem como queda no valor da cesta de metais. A retração das commodities foi consequência do discurso feito pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Ben Bernanke, que manifestou preocupação com a fraqueza do dólar ante outras moedas e disse que avaliará medidas "para prevenir o risco" de inflação na economia dos Estados Unidos. "Além disso, há expectativa de que a inflação fique acima do esperado e saia da meta do governo brasileiro e indefinição sobre alta de juros", diz Vieira. A estimativa geral do mercado é que a taxa básica de juros tenha alta de 0,5 ponto percentual - mas alguns economistas falam em 0,75% ponto. "É comum que o mercado precifique com antecedência a alta na taxa de juros definida pelo Copom", avalia Fernando Goes, analista da Win Trade. Mas a visão do analista é otimista. "No curto prazo, a bolsa pode continuar chegando perto dos 68 mil pontos, mas não há uma tendência de queda", diz Vieira. "Mas o perigo maior não é o Copom. Para reverter o histórico recente muito bom, entre 74 mil e 76 mil pontos, só com novos pontos de crise internacional." No pregão da bolsa paulista também tiveram destaque negativo as ações do setor de telecomunicações e construção civil. Após comunicar a tomada de empréstimo com banco europeu de investimento, a TIM Participações teve a maior queda do dia, de 6,25%, seguida da retração de 5,93% dos papéis da Vivo. Rossi Residencial, Gafisa e Cyrela Brazil Realty figuraram entre as dez maiores baixas do Ibovespa.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)()