Título: Investimentos devem chegar a R$ 446,7 bilhões até 2030
Autor: Assis, Jaime Soares de
Fonte: Gazeta Mercantil, 05/06/2008, Nacional, p. A4

São Paulo, 5 de Junho de 2008 - O Brasil deverá eliminar completamente o passivo habitacional até 2030 com a expansão dos investimentos do setor que devem saltar dos R$ 165,2 bilhões de 2007 para R$ 446,7 bilhões neste período. O ambiente econômico favorável, a definição de marcos regulatórios, o aumento da renda das famílias e a disponibilidade de financiamento tornarão possível a eliminação das favelas nos próximos 23 anos. As projeções integram o estudo Potencialidades do Mercado Habitacional realizado pela Ernst & Young em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O trabalho levou em consideração o cenário econômico, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4% a 5% ao ano e o efeito positivo sobre a renda das famílias. "Esse cenário econômico se junta a um quadro demográfico que leva em consideração o aumento da expectativa de vida, maior participação da mulher no mercado de trabalho e envelhecimento da população", afirma Ana Maria Castelo, consultora da FGV Projetos. A estrutura familiar passará por uma transformação, de acordo com as previsões. No período de 2007 a 2030 o número de famílias brasileiras sairá de 60,3 milhões para 95,5 milhões, com crescimento de 58%. Este incremento virá acompanhado pela redução da taxa de natalidade que diminuirá o tamanho das famílias de 3,1 pessoas de 2007 para 2,4 pessoas em 2030. A população brasileira chegará a 233 milhões de pessoas com cerca de 91,1% de habitantes concentrados na região urbana, com idade média de 36 anos, sendo cerca de 60% na faixa dos 30 anos, aptos a constituir um núcleo familiar e engrossar a demanda por imóveis. Déficit habitacional O déficit habitacional atingiu 7,8 milhões de moradias em 2005, cerca de 14,7% da demanda. A maior parcela do problema referia-se à coabitação, que afetava 4,3 milhões de domicílios. A combinação de crescimento econômico com alta mobilidade social, participação ativa da iniciativa privada para suprir a demanda por habitações, redução gradativa da taxa de juros para financiamentos de moradias, que deverá chegar a 7,5% em 2030, e a ampliação de subsídios fará com que o País tenha investimentos suficientes para alcançar o total de 93 milhões de domicílios no período de 23 anos, com crescimento de 66% em relação a 2007. Isto equivale a construção de 37 milhões de novas casas em todo o Brasil, a um ritmo de 1,745 milhão de domicílios por ano. "Esses 93 milhões de domicílios significam que não vamos ter déficit habitacional por inadequação, não vamos ter mais favelas em 2030 e o déficit por coabitação será por opção, não por falta de moradia", comenta Castelo. Regras de mercado Este processo se inicia com o aprimoramento das regras do mercado imobiliário. O Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), por meio da lei 9514 de 20 de novembro de 1997, criou as companhias securitizadoras de créditos imobiliários, e a lei 10.931, de 2 de agosto de 2004 aprimorou o Patrimônio de Afetação, que trouxe proteção ao comprador de imóveis. "A consolidação da alienação fiduciária, como garantia de recuperação dos empréstimos pavimentou o caminho. O investimento habitacional, que antes era o patinho feito, voltou a ser objeto de desejo do mercado financeiro alavancou o mercado imobiliário. Este é o inicio do processo", analisa Castelo. O fluxo de crédito imobiliário, que era de R$ 4,8 bilhões de 2002 até 2007, passou para R$ 25 bilhões com a entrada de incorporadoras e construtoras no mercado. O ingresso do País em um patamar de crescimento econômico importante e a redução da taxa de juros completou o processo. "As mudanças regulatórias estão consolidadas, não têm volta. Falta o Brasil fazer sua lição de casa para que esse crescimento seja sustentável", pondera a consultora da FGV Projetos. Construção e reforma O estudo da Ernst & Young e FGV Projetos avalia que o estoque habitacional terá um aumento de R$ 4,6 trilhões em construção e reforma de moradias até 2030. O ritmo de expansão será de 4.7% ao ano de 2007 a 2017 com forte incremento do mercado para famílias de menor poder aquisitivo, até R$ 2 mil, que opera com valores de R$ 35 mil a R$ 70 mil em valores de 2007. A partir de 2017 a classe média aumenta sua participação e as construtoras terão de se preparar para ofertar imóveis de R$ 70 mil a R$ 150 mil. O setor da construção alimenta o crescimento econômico com efeitos positivos sobre o emprego e a renda. A melhora da renda é um aspecto importante porque traz segurança ao mercado. "As famílias vão mudar de faixa de renda e a necessidade de uma política habitacional amparada em subsidio vai diminuir", afirma Castelo. " Isso faz com que o mercado se torne mais importante no atendimento da demanda habitacional e ele está conseguindo atender as faixas de renda menor", afirma. Hoje uma parte das moradias é financiada com crédito, outra por recursos governamentais e uma parcela de poupança das famílias. "Nossa expectativa é de que o crédito passe a representar uma parcela maior", avalia. Ver mais matérias na página C3 (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)()

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