Título: Entrevista Agripino Maia
Autor: Pariz, Tiago ; Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 24/04/2011, Política, p. 3

"Começando a pegar o ritmo"

Eleito presidente do DEM, Agripino Maia teve de enfrentar o desafio de acalmar os ânimos dos integrantes da legenda depois da debandada para o recém-criado PSD. Ainda se refazendo do baque, ele garante que a oposição está prestes a encontrar seu rumo e que não vai morrer, apesar das previsões pessimistas.

O senhor acha que a oposição está atordoada e sem estratégias claras? Acho que estamos começando a pegar o ritmo. O governo tem apenas quatro meses. Precisamos analisar as coisas, as condutas, para atacar os pontos certos.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fala em conquistar a nova classe média. Vocês tinham pensado nisso? Claro. Acho que, entre as ideias defendidas pelo ex-presidente, tem muita coisa aproveitável. Tenho uma linha própria de pensamento e o que ele diz faz parte dela. Mas acho que temos de avançar em todas as classes e atingir todos os insatisfeitos. Claro que não podemos ignorar que a classe emergente é uma grande meta. Mas há gente insatisfeita em todas as camadas sociais.

E o que está sendo feito para atingir essa meta? Acho que estamos começando a analisar os cenários para atacar o que está errado. Não vamos criticar por criticar os programas, mas apontar as falhas deles. Isso vai atrair mais gente porque elas vão ver que as coisas não são essa maravilha que tentam vender.

E vocês já começaram a fazer isso? Sim. Devagar, porque o governo está começando agora. Mas estamos procurando meios de analisar e apontar os erros. Estamos no caminho certo e vamos intensificar essa fiscalização.

Se vocês estão no rumo certo, como explicar a debandada de integrantes da oposição para o recém-criado PSD? Esses políticos que migraram fazem parte de um grupo disposto a chegar perto das benesses do poder. Creio que isso ocorreu em parte pelos incômodos regionais e em parte pelo interesse dessas pessoas de buscar um viés governista de vantagens. É difícil brigar contra isso.