Título: Ciclo de crescimento iniciou em 2005
Autor: Americano, Ana Cecilia
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/06/2008, Empresas, p. C1

Rio, 19 de Junho de 2008 - A Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi divulgada ontem revelando o que muitos já esperavam: a partir de 2005 deu-se o início a um ciclo virtuoso no setor. Os dados, relativos ao ano base de 2006, mostram uma indústria com 109 mil empresas com mais de 30 empregados, as quais faturaram 7,1% a mais do que em 2005, alcançando uma receita operacional de R$ 105,6 bilhões. Em 2006, essas empresas foram responsáveis por obras e serviços de R$ 110,7 bilhões. Desse total, chama a atenção o peso das obras para o setor público - no valor de R$ 47,1 bilhões - ou 42,6% do total executado. É bom frisar que, nesses valores, não estão incluídos a atividade informal na construção, onde a carteira de trabalho só protege 22% da mão de obra ocupada, quando se trata da média nacional, ou 25,8%, no caso da média do Sudeste, onde a formalidade é a mais alta, explica Silvio Salles, coordenador de indústria do IBGE, citando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Segundo Salles, os indicadores mensais de outras pesquisas são mais ágeis para medir o desempenho do setor no momento. Mas o PAIC entrevistou nada menos do que 7.700 empresas que representam um universo de 110 mil organizações. "A pesquisa procura analisar questões estruturais, mas, mesmo assim, já em 2006 aponta para uma conjuntura favorável que se concretiza, nos anos posteriores ao estudo, em 2007 e no início de 2008", comenta. De acordo com o coordenador, 16,5% das empresas pesquisadas - aquelas com 250 ou mais empregados - responderam por 64% do valor das construções feitas e empregaram 59,9% e pagaram 67,5% dos salários da construção. "É importante lembrar que a grande empresa é associada às obras de infra-estrutura. O seu cliente principal é o setor público, ou seja, governos de qualquer esfera", diz. Dados da pesquisa demonstram que entre 1996 e 2006, as grandes empresas perderam espaço. Se em 1996 recebiam 71,1% do valor das construções executadas, dez anos mais tarde essa participação seria de 64%. "É importante frisar que as obras do PAC só se iniciaram a partir de 2007. Portanto, esse quadro é anterior às grandes obras de infra-estrutura que estão em andamento no momento", comenta Salles. "Esse fenômeno de perda relativa de participação pode estar ligado ao fato de que muitas grandes empresas se desmembraram em outras, de menor porte, especializadas em fazes específicas de um empreendimento", pondera o técnico. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)()

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 19/06/2008 02:00