Título: Álcool também será beneficiado
Autor: Batista, Fabiana
Fonte: Gazeta Mercantil, 19/06/2008, Agronégocios, p. C9

São Paulo, 19 de Junho de 2008 - As cotações mais altas do etanol nos Estados Unidos elevaram as projeções da consultoria Datagro para exportações de álcool brasileiro. A previsão de embarque de 4 bilhões de litros, feita em abril, foi superada pela estimativa de atingir 4,8 bilhões, dos quais dois terços (3,2 bilhões) para o mercado americano. Este adicional de 800 milhões de litros deve pressionar as cotações no mercado interno que, na semana passada, em plena safra, já começaram a reagir. Por conta deste cenário mais otimista para o álcool, a consultoria reviu também o mix de produção no Brasil para uma safra ainda mais alcooleira. Ontem, o galão (3,785 litros) de etanol encerrou o dia na Bolsa de Chicago (CBOT) cotado em US$ 2,93, alta de 1,7%. Desde 4 de junho, com a piora das condições da lavoura de milho dos Estados Unidos, acumula valorização de 25,2%. O milho, na mesma bolsa, teve seus preços elevados em 21,4% em igual período, o que vem pressionando os custos dos produtores americanos. "Com o milho a US¨$ 6 o bushel, o custo de produção do barril de etanol é de US$ 2,7. Com o milho aos preços atuais - US$ 7,4625 ontem - este custo supera os US$ 3. Para as usinas brasileiras este valor é de US$ 1,66", compara o presidente da Datagro, Plínio Nastari. Segundo ele, a dificuldade dos produtores americanos deve resultar no não-cumprimento da meta do país de consumir 34 bilhões de litros de etanol neste ano, mesmo com a importação de 3,2 bilhões do Brasil. "Eles devem produzir entre 29 bilhões a 30 bilhões de litros. Sabe-se que estão no limite de uso de milho para etanol. O percentual da produção do grão para este fim é de 30%, o que já é muito alto. É possível que eles tenham que abrir mão da taxa de importação (US$ 0,54 por galão) do Brasil, mas com salvaguardas, como , por exemplo, cotas tarifárias". Na semana passada, a alta do preço do etanol e a perspectiva de novas elevações no valor provocaram uma corrida dos importadores americanos pelo álcool brasileiro. Apenas no período de uma semana, entraram em negociação contratos de importação de 500 milhões de litros, 25% do total negociado neste ano. O aumento das cotações e da demanda pelo produto fizeram o preço do álcool hidratado até reagir no mercado interno em plena safra. Na última semana, o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) apurou preços 0,99% mais altos para o litro do álcool hidratado nas usinas de São Paulo. Com a maior projeção de exportação, a estimativa é que os estoques de passagem no Brasil de 30 de abril de 2009 sejam de 467 milhões de litros, suficiente para algo próximo de uma semana de consumo. "É um estoque muito apertado. Até dois anos atrás, quando o consumo mensal era de 1 bilhão de litros, o mercado tinha em mente a necessidade de 500 milhões de litros de estoque, compatível com o conceito do setor distribuição, que é 15 dias. Mas agora temos um consumo mensal de 1,8 bilhão, precisamos de 900 milhões de litros no estoque do sistema", afirma Nastari. A Datagro também revisou para cima o volume de cana moída no Centro-Sul de 485 milhões de toneladas para 495 milhões de toneladas, elevando a estimativa brasileira para 557 milhões de toneladas. A melhora nas perspectivas para o álcool também provocou revisão para o mix de produção 57,7% de álcool para 59,3%. Assim, segundo a Datagro, a produção do Brasil desse combustível será de 26,712 bilhões de litros. Em março, a estimativa da consultoria era de 25,53 bilhões. Para a produção de açúcar, os números foram revisados de 32,65 milhões toneladas para 32 milhões. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9)()

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