Título: Mantega reitera esforço para reduzir gastos
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/06/2008, Nacional, p. A4
Brasília, 20 de Junho de 2008 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou ontem que o governo não poupará esforços para reduzir os gastos públicos e controlar a inflação e voltou a confirmar a elevação da meta de superávit primário para 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. A meta anterior era 3,8%. Porém, o ministro negou a adoção de novas medidas para restringir o crédito e conter o aumento dos preços. Ele disse que as medidas já adotadas este ano para controlar a inflação "têm sido eficazes", ainda que não tenham surtido total efeito sobre a economia. "Não há nenhuma medida adicional para a restrição do crédito porque acreditamos que já há uma certa retração do crédito pelas medidas já tomadas", disse. Após participar de reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve como assunto principal as ameaças inflacionárias, à tarde o ministro convocou a imprensa para uma entrevista, com o objetivo de acalmar o mercado, que aguardava novas medidas. "Não há nenhuma crise, a situação está sob controle", disse. Mantega acredita que a inflação fechará o ano dentro da meta, ainda que ultrapasse o centro de 4,5%. E o Brasil, diz, será um País privilegiado ao não se desviar do foco da inflação diante de um choque mundial de preços. "O fato de o Brasil ser um grande produtor agrícola ajuda muito". Mantega disse que o presidente Lula chegou a comentar que o choque de preços das commodities é influenciado por uma onda de "especulação na Bolsa de Chicago", que negocia commodities agrícolas. Segundo o ministro, a função "especulativa está mais acentuada" porque, diante da crise financeira mundial, tornou-se desinteressante aplicar em títulos financeiros em alguns países, pela baixa remuneração. "Houve redirecionamento de aplicações para ativos futuros de commodities. Por isso que os preços de commodities subiram", complementou. Diante disso, Mantega afirmou que o presidente Lula acenou para a necessidade de se interferir no mercado futuro. "O presidente Lula levantou a necessidade de nós fazermos alguma coisa neste sentido, de interferir no mercado futuro que está alavancando (os preços). Essa é uma ação a ser feita em escala internacional. Temos que combinar com outros governos para atenuar a especulação dos mercados futuros", disse. Para o ministro, se houvesse uma inibição na especulação nas bolsas seria possível reduzir os preços das commodities e, conseqüentemente, a inflação. O ministro abordou a necessidade de aumentar a produção agrícola no Brasil para ajudar a controlar a inflação. Mantega afirmou que o governo vai investir pesado no aumento da oferta de produtos agrícolas até 2010 para aproveitar a escassez mundial de alimentos, já que o Brasil é o principal fornecedor mundial de commodities agrícolas. "A inflação se combate com o aumento da oferta", disse Mantega. "O Plano Safra 2008/09 vai conter várias medidas para aumentar a oferta de produtos agrícolas no Brasil", acrescentou. Ao resumir os principais pontos discutidos na reunião, o ministro disse que foi feito um balanço das medidas do governo já adotadas este ano para controlar a inflação. Foram "medidas eficientes". Ele destacou o aumento em 1 ponto percentual na taxa Selic, para 12,25% anuais, em duas reuniões seguidas do Copom, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), a criação de compulsórios para depósitos interbancários para empresas que operam leasing e as desonerações da Cide sobre combustíveis e de tributos sobre o trigo. Além disso, Mantega afirmou que o governo elevou a meta de superávit primário para 4,3% do PIB. "Isso vai representar uma queda de 0,50 ponto percentual nos gastos do governo", disse. Ele reiterou que o aumento do esforço fiscal será colocado no Fundo Soberano do Brasil (FSB). Segundo ele, não será maior porque é difícil fazer mais do que isso. "E fazer um superávit de 4,3% é como fazer 4,9% no PIB antigo (PIB baixo, em 2003)", disse. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)()
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