Título: Aldo Rebelo aceita ser vice de Marta Suplicy
Autor: Seabra, Marcos
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/06/2008, Politica, p. A9

São Paulo, 20 de Junho de 2008 - O deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP) aceitou ontem indicação para a vaga de vice da ex-ministra do Turismo, Marta Suplicy (PT), em uma eventual aliança para disputar a prefeitura paulistana. Considerada primordial pelo PT, a negociação com Rebelo mereceu até a intervenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem o chamado "bloquinho de esquerda" - PCdoB, PSB, PDT e PRB - o PT de Marta teria apenas algo em torno de quatro minutos de propaganda gratuita de rádio e televisão. Rebelo, depois de insistir na candidatura própria, convenceu o deputado federal Paulo Pereira da Silva (Paulinho da Força), a também desistir da disputa e incluir o PDT na futura aliança com o PT. Para o cientista político do Ibmec/SP, Carlos Melo, o tempo de propaganda é muito importante para a ex-ministra do Turismo. "A Marta terá esse tempo para tentar reverter a sua rejeição no eleitorado paulistano", diz Melo. Segundo o Datafolha, a ex-ministra tem perto de 31% de rejeição a seu nome. O primeiro passo concreto das negociações entre o bloquinho e o PT aconteceram na noite de quarta-feira, quando as direções municipais do PCdoB, do PDT e do PSB reuniram-se para elaborar uma lista de exigências. "O principal ponto diz respeito ao programa eleitoral e fazer com que a campanha traga demandas sob o nosso ponto de vista", disse a presidente municipal do PCdoB, Julia Roland. Outro ponto da lista do bloquinho contempla a exigência de participação deles na coordenação da campanha da aliança. "Todos os pontos foram apresentados a um dos futuros coordenadores da campanha da Marta, o vereador José Américo, hoje (ontem) pela manhã", acrescentou Julia. Ainda de acordo com ela, faltou definir quais os partidos do bloquinho irão formar uma aliança completa com o PT, ou seja, apoiar não só o candidato majoritário (Marta), como a chapa proporcional, os candidatos a vereadores. "O PCdoB e o PSB apresentam uma tendência a formar uma aliança completa, mas o PDT deu sinais de que irá optar apenas por apoiar a candidatura majoritária, levando adiante, sozinho, a campanha para os vereadores.", acrescentou Julia. O bloquinho reúne-se com membros do PT-SP e da coordenação da campanha de Marta para discutir a lista de exigências. Segundo Julia, além da vaga de vice, eles querem criar um conselho político com os dirigentes da campanha do PT para definir qual será a participação dos partidos no governo - caso Marta seja eleita - e as diretrizes políticas da candidatura. Entre as exigências dos partidos do bloquinho está a coligação proporcional. "Ainda estamos discutindo as questões referentes à presença política do bloco na campanha, mas todos estão trabalhando para concluir (as negociações) até o início da semana que vem", acrescentou Julia. De acordo com a legislação eleitoral, os partidos tem até o dia 30 para definir seus candidatos. O PT realiza sua convenção, onde deverá sacramentar a candidatura de Marta Suplicy, no dia 29. No início da semana, o presidente Lula se encontrou com os integrantes do PC do B, PSB, PRB e PDT e do PT no Palácio da Alvorada. Apelou para um acordo comum de apoio integrado em São Paulo, no Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Se em São Paulo o PCdoB de Aldo Rebelo, hoje com 2% das intenções de voto - segundo o Datafolha - estava travando as possibilidade de aliança do PT, na cidade do Rio, a história se inverte. Lá, a comunista Jandira Feghali está em segundo lugar nas pesquisas e não consegue o apoio do PT, que apresentou o deputado estadual Alessandro Molon como candidato. Em Belo Horizonte a resistência do PT está em aceitar uma aliança com o PSB, do ex-secretário do governo do tucano Aécio Neves, Márcio de Lacerda. O assunto mereceu a intervenção da executiva nacional petista que, ontem, reiterou o veto do partido à proposta de aliança. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)