Título: Desigualdade de renda entre os trabalhadores fica 7% menor
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/06/2008, Nacional, p. A4

Brasília, 24 de Junho de 2008 - A diferença entre a renda dos trabalhadores ricos e pobres caiu 7% entre o último trimestre de 2002 e o primeiro deste ano. O Índice de Gini, que mensura o grau de distribuição da renda entre as partes, caiu de 0,543 para 0,505, o que reflete uma ligeira queda no índice de desigualdade do País, considerado entre os maiores do mundo. É o que revela o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na pesquisa de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador varia de zero a 1 e quanto mais perto do número 1, maior é a desigualdade no país analisado. O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, atribuiu o resultado ao crescimento da economia brasileira, ao aumento do salário mínimo e às políticas sociais, especialmente o programa Bolsa Família. É a maior redução desde 1960, ocasião em que o índice era de 0,50. O IPEA mediu o rendimento médio dos 10% mais pobres da classe trabalhadora e o dos 10% mais ricos. A diferença de renda entre os mais ricos e os mais pobres é de R$ 4 mil, em média, segundo o estudo. "A melhora nos dados da desigualdade deve-se, principalmente, ao aumento do salário mínimo e à política de transferência de renda às pessoas que não têm acesso ao mercado de trabalho", afirmou Pochmann, ao comentar a pesquisa, na sede do Ipea. Entretanto, Pochmann disse que o Brasil está longe de alcançar um Índice de Gini semelhante ao de países desenvolvidos, onde o indicador fica abaixo de 0,45. Para trazer a desigualdade aos índices de países civilizados, o presidente do Ipea reitera ser necessário fazer uma reforma tributária capaz desonerar os pobres e onerar mais os ricos. A queda na desigualdade no País começou a se evidenciar a partir de 2005, quando a economia começou a se aquecer. De lá para cá, disse Pochmann, o índice vem caindo 1,1% a cada ano. Se tal comportamento permanecer ao longo dos próximos anos, ele acredita que em 2010 o índice poderá recuar para 0,49%. Seria o mais baixo desde 1960. Ele teme o risco de o Banco Central abortar o crescimento econômico ao tentar baixar a inflação via aumento da taxa Selic. Para ele, a inflação é proveniente do mercado externo e o governo deveria principalmente reduzir os impostos para não desestimular o setor produtivo. Diferença na renda A pesquisa revela que a diferença na renda do trabalhador brasileiro diminuiu porque, a partir de 2002, o ritmo de ganho sobre o rendimento dos mais pobres foi maior do que os dos mais ricos. No primeiro grupo ¿ classificado pelo Ipea como a população ocupada com o menor poder aquisitivo ¿ houve um aumento de 21,89% na renda, que passou de R$ 169, em 2002, para R$ 206,30 no ano passado. Enquanto isso, no mesmo período, o grupo de trabalhadores com maior rendimento obteve um ganho de 4,92%. Assim, a renda saltou de R$ 4,625 mil para R$ 4,853 mil. O estudo dividiu a renda dos trabalhadores pesquisados em dez grupos: o primeiro mostra o menor poder aquisitivo e o 10 reflete o de maior rendimento. Na média geral, o aumento na renda foi de 8,07%, porque o rendimento médio passou de R$ 1,065 mil, em 2002, para R$ 1,151 mil em 2007. Houve uma redução na diferença de renda entre os 10% mais ricos da classe trabalhadora e os 10% mais pobres. Neste caso, segundo o Ipea, em 2003 a diferença era de 27,3 vezes entre o piso e o teto da renda dos trabalhadores. A diferença subiu um pouco, para 27,4 vezes em 2004. Mas declinou para 25,7 vezes em 2005, a 25,1 em 2006 e a 23,5 no ano passado. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(