Título: Brasil quer reforçar relações comerciais com países da África
Autor: Exman, Fernando
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/06/2008, Nacional, p. A6

Brasília, 24 de Junho de 2008 - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, tenta colocar em prática a decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva de fortalecer as relações com os países árabes e africanos. Ontem e domingo, o chanceler esteve na Argélia. Hoje e amanhã, terá reuniões com autoridades marroquinas. Na quinta e na sexta-feira, irá respectivamente à Tunísia e a Cabo Verde. Além de fortalecer o diálogo político com esses países, a meta do governo é elevar as exportações brasileiras de produtos agrícolas, manufaturados e serviços para esses destinos. Amorim assinou na Argélia atos de cooperação nas áreas agrícolas, de saúde e para a promoção de negócios entre pequenas empresas. Avançou nas negociações para a venda de materiais bélicos e de aviões da Embraer ao país africano. Tentou ainda convencer o governo argelino a derrubar as barreiras impostas à carne brasileira, e defendeu os biocombustíveis. A investida tem justificativa. Em 2005, o maior déficit comercial do Brasil foi com a Argélia. O saldo negativo somou US$ 2,4 bilhões, resultado de US$ 384,3 milhões em exportações e US$ 2,8 bilhões em importações. No ano passado, o déficit passou para US$ 1,7 bilhão, conseqüência de US$ 501,2 milhões em vendas e US$ 2,2 bilhões em compras de produtos argelinos. Em 2007, o intercâmbio entre Brasil e Argélia gerou o terceiro maior déficit comercial do país, atrás de Nigéria e China. O déficit deve-se à pauta comercial bilateral. Enquanto compra petróleo e gás natural, o Brasil embarca ao país africano produtos de confeitaria, carnes, laticínios, ovos de aves e mel. Amorim e as autoridades argelinas conversaram sobre uma eventual parceria entre a Petrobras e a empresa estatal Sonatrach para o fornecimento de Gás Natural Liquefeito (GNL) e exploração de petróleo. O Brasil tenta aumentar a importação de GNL a fim de reduzir a dependência do país do gás natural boliviano. Constou também da pauta dos encontros a participação de empresas brasileiras em obras de infra-estrutura. Operam na Argélia, por exemplo, as empresas brasileiras Odebrecht, Andrade Gutierrez e Randon. Em Marrocos, está programada a assinatura de acordos nos setores de meio ambiente, saúde, inspeção animal e cooperação agrícola. Na Tunísia, Amorim deve firmar cooperação na área de gestão florestal. Já em Cabo Verde, o ministro participa da cerimônia de inauguração do Centro de Estudos Brasileiros e do Centro de Formação Profissional de Praia, fruto de parceria entre a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)()