Título: Apenas grandes empresas têm ganhos
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/06/2008, Nacional, p. A6

Rio, 26 de Junho de 2008 - Aumentar a produtividade foi privilégio exclusivo das megaempresas brasileiras, nos últimos dez anos investigados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Companhias com mais de mil funcionários elevaram a produtividade em cerca de 42,1% de 1996 a 2006, enquanto nas pequenas e médias, que possuem de 5 a 249 empregados, não houve avanço nos valores médios gerados por cada trabalhador - pelo contrário, houve perda real de 4%. Levantamento do IBGE feito a pedido da Gazeta Mercantil mostra que para cada funcionário contratado, a indústria em média aumentou o ganho em cerca de 25%. Essa média positiva só foi possível porque nas maiores companhias investigadas pelo IBGE cada empregado produzia em média R$ 51,8 em 1996,e aumentou o valor para R$ 154,6, sem considerar a inflação do período, de 110% - segundo informou também o IBGE. Em valores nominais, o valor produzido por cada empregado de empresas de pequeno e médio porte ficou praticamente estagnado em dez anos. Em 1996, o valor era de R$ 17 mil. Em 2006, R$ 34,2 mil, cifra que não cobriu a inflação, pelo contrário. Nas companhias de 250 a 499 funcionários, a produtividade passou de R$ 31,7 mil para R$ 80,3 mil. Em empresas de 500 a 999 empregados, a relação saiu de R$ 36 mil para R$ 91,1 mil. O aumento de produtividade nas ""grandalhonas"" em detrimento às perdas das menores empresas acompanha a concentração da riqueza e dos produtos mais vendidos em mãos dos grandes. A concentração da indústria brasileira nas máquinas das megaempresas cresceu mais de 23% em dez anos, segundo dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA). O IBGE divulgou ontem que companhias com mais de mil empregados, que já detinham a gorda fatia de 48% do valor da produção em 1996, ficaram com 60% dos de R$ 555 bilhões gerados pelo setor em 2006. São as 764 maiores empresas industriais que representavam 0,5% do universo de 155.057 empresas em atividade durante 2006. Os empregos também cresceram mais nas maiores: 42%. E também houve aumento de emprego nas menores e toda a indústria neste período contratou em média 31,2% mais gente. O processo de crescimento das empresas com mais de 1000 funcionários é um processo recente, como lembrou a pesquisadora do IBGE Isabella Nunes, responsável pela PIA. De 1996 a 2000, empresas deste porte reduziram em 5% o total de empregados e em cerca de 4% o tamanho. As empresas com 250 ou mais pessoas ocupadas pagavam, em média, salários mais elevados, 5,3 salários mínimos, o dobro do pago pelas pequenas e médias (2,6 salários mínimos). As maiores participações no valor da transformação industrial em 2006 partiram dos segmentos de fumo, refino e petróleo e álcool, metalurgia e automotiva. "O comportamento observado nessa classe de tamanho (1.000 ou mais pessoas ocupadas) tende a ser especialmente relevante nas atividades baseadas em economia de escala técnica, na diferenciação de produtos e no acesso a recursos naturais. No refino de petróleo e produção de álcool, por exemplo, as empresas com 1.000 ou mais pessoas ocupadas respondiam em 1996 por 83,4% do valor da transformação industrial, passando para 95,4% em 2006", diz a pesquisa do IBGE. O produto mais expressivo na economia brasileira, constatado é o óleo diesel. O minério de ferro se tornou o segundo produto com mais peso na indústria, seguido de automóveis, gasolina, petróleo, telefones celulares, açúcar e cerveja. No ranking das atividades com maior produtividade entre as empresas com mais de mil pessoas ocupadas, o setor de refino de petróleo e produção de álcool ocupava a liderança em 2006 (R$ 1,019 milhão por cada trabalhador em 2006), seguido pelas indústrias extrativas (R$ 396 mil); metalurgia básica (R$ 328 mil); e de celulose e papel (R$ 280 mil). "Na evolução do ranking, o primeiro segmento saltou do quarto lugar em 1996 para a liderança nos anos de 2000 e 2006, enquanto as indústrias extrativas, após ficarem em quinto em 1996, alcançaram o segundo lugar em 2000 e em 2006. A metalurgia básica também mostrou evolução, saindo de sétimo (1996) e oitavo (2000) para o terceiro lugar em 2006, enquanto celulose e papel teve ganho contínuo, de sexto (1996) para quinto (2000) e quarto lugar em 2006", diz a pesquisa. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)()

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