Título: OMC convoca potências em julho para discutir Doha
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/06/2008, Internacional, p. A11

Genebra, 26 de Junho de 2008 - As potências do comércio vão reunir-se no mês que vem para uma tentativa há muito esperada de romper o impasse nas conversações comerciais globais, que podem ser adiadas por anos se um acordo não for alcançado logo. O diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, pediu ontem a realização de uma reunião de um grupo de ministros a partir de 21 de julho, provavelmente durante vários dias, para chegarem a uma conclusão na Rodada Doha, de negociações sobre a liberalização do comércio mundial. "Lamy nos disse que acha que estamos numa situação bastante boa para uma reunião ministerial no dia 21", disse o embaixador mexicano na OMC, Fernando de Mateo y Venturini. Os 152 países membros da OMC tentam há quase sete anos um acordo para reduzir as barreiras aduaneiras. O encontro de julho incluiria de 35 a 40 ministros representando uma ampla gama de interesses nas negociações sobre abertura dos mercados agrícola, industrial e de serviços, que Lamy pretende consolidar em 2008. Segundo um dos diplomatas presentes a reunião de ontem com embaixadores de 30 países, o chefe da OMC advertiu a eles que se não obtiverem um acordo no final de julho sobre uma redução dos subsídios agrícolas e das tarifas alfandegárias aplicadas às mercadorias "as possibilidades de se concluir essa rodada de negociações serão muito inferiores a 50%". "Sei que é difícil, mas acredito que há mais de 50% de chances de se chegar a um acordo", disse Lamy. Lamy deseja poder submeter um eventual acordo ao atual governo norte-americano que deixará o poder em janeiro. Após essa data, qualquer ratificação por parte de Washington poderá ser adiada de maneira indefinida. Se esses ministros puderem resolver com sucesso as diferenças na agricultura e no setor industrial - as áreas mais difíceis nas conversações - os diplomatas dizem que as bases de um acordo de Doha poderiam ser levadas à apreciação de todos os membros da OMC no máximo até o fim de julho. O setor de serviços seria discutido rapidamente pelos ministros e finalizado depois. "Acho que se pode perfeitamente imaginar que este acordo seja firmado, mas uma porção de trabalho duro precisa ser feita antes", disse o principal encarregado de comércio da União Européia, David O¿Sullivan. "Concordo com ele", acrescentou o embaixador dos EUA na OMC, Peter Allgeier, que também esteve na reunião com Lamy. Os Estados Unidos, que prestaram contas de progressos nos últimos dias, afirmam estar prontos para realizar esforços intensos para preparar a reunião ministerial. "Se países suficientes tiverem nas próximas semanas a mesma atitude, temos uma possibilidade de êxito", disse, em Washington, a representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Reuters e AFP)