Título: Governo argentino divulga aumento das exportações
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 26/06/2008, Internacional, p. A11

Buenos Aires, 26 de Junho de 2008 - A Argentina, grande produtora de alimentos, ampliou a exportação de grãos em 2008, conforme dados oficiais, apesar da dura greve rural que se estende há 100 dias contra os impostos para a exportação de soja, num conflito que ainda mantém em xeque o governo de Cristina Kirchner. Nos primeiros cinco meses do ano, as vendas externas de grãos e de subprodutos totalizaram 28,8 milhões de toneladas, perto de 900 mil toneladas mais do que em igual período de 2007, e os lucros cambiais cresceram cerca de 63% no mesmo período. No caso da soja, principal produto de exportação e cuja receita milionária desatou o conflito entre o governo e os agricultores, os embarques cresceram 18%, enquanto os lucros cambiais subiram 70% no período de janeiro a maio com o crescente aumento dos preços mundiais da oleaginosa. A soja foi o eixo central do protesto agrário que incluiu quatro locautes e bloqueios de rodovias na rica Pampa Húmeda, onde milhares de produtores se insurgiram con-tra um esquema de "retenções" (tributos) móveis às exportações de grãos, por considerá-lo confiscável. O governo anunciou ontem que investigará se ocorreram manobras irregulares na cadeia de exportação de grãos que permitiram o aumento das vendas externas durante os protestos, cujo objetivo foi frear a comercialização de alimentos para o mercado externo. "Os números estão mostrando que apesar dos cem dias de greve, com todas as dificuldades que geraram internamente para o país, as exportações aumentaram", disse ontem o secretário de Agricultura, Javier de Urquiza, que anunciou a abertura da investigação. Mas os dirigentes rurais dizem que as empresas exportadoras haviam comprado os grãos antes do início do conflito e que aproveitaram a trégua do mês de abril para se reabastecerem, num país cujas vendas externas de produtos alimentícios somam US$ 35 bilhões, mais de 50% do total exportado. O deputado da oposição e economista Claudio Lozano ressaltou, perante o Parlamento, que as exportadoras fecharam os contratos no fim do ano passado, quando as retenções (impostos) às exportações de soja se situavam em 27%, muito abaixo do 44% determinado pelo governo em março. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(AFP)