Título: Instituto suspende projeções trimestrais
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/06/2008, Nacional, p. A5
Rio, 27 de Junho de 2008 - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) anunciou ontem que só divulgará estimativas de inflação "quando for conveniente" e ainda no início de todo o ano. As informações são do coordenador do grupo de Análise e Previsões do Ipea, Miguel Bruno. Segundo ele, a orientação para que o Ipea não divulge mais a projeção do índice de inflação a cada três meses, como era feito, veio da Presidência da República e do Núcleo de Assuntos Estratégicos, coordenado pelo ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger. Antes, a taxa era divulgada na Carta de Conjuntura. No documento divulgado hoje, o Ipea mantém a variável de inflação projetada, em março, para 2008, entre 4,3% e 5%. "As previsões na visão atual são muito mais insumos de longo prazo", disse Bruno. Segundo ele, a mudança indica uma nova estratégia do órgão que quer destacar, a partir de agora, análises estruturais do crescimento econômico. "A questão é como explicitar variáveis estruturais para inferir dinâmicas de longo prazo para o desenvolvimento e não para carteira de ativos", disse Miguel Bruno, em referência ao mercado financeiro. "Não que isso não seja importante, mas não se desenvolve um país olhando a renda financeira e, sim, a agricultura, a indústria e o PIB [Produto Interno Bruto] dos setores produtivos, por exemplo", acrescentou. Segundo o coordenador de Análise e Previsões do Ipea, a medida não indica falta de transparência. Bruno enfatizou que o fato de deixar de divulgar a projeção trimestralmente não significa que o Ipea não trabalhe com variáveis mais recentes. "Os números existem, mas não é mais conveniente divulgá-los. Não alimentaremos mais projeções de inflação a todo instante." Na avaliação do Ipea, a tendência do superávit da balança comercial é de queda. O resultado deverá ser reduzido dos US$ 40 bilhões do ano passado para um valor entre US$ 23,8 bilhões e US$ 27,3 bilhões em 2008. As exportações devem fechar em patamares entre US$ 171 bilhões e US$ 176,1 bilhões. As importações ficam entre US$ 145,6 bilhões e US$ 150,3 bilhões. O Ipea, que antes era subordinado ao Ministério do Planejamento, responde agora à secretaria de Assuntos Estratégicos. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Agência Brasil)