Título: IGP-M acelera para 1,98% em junho
Autor: Stecanella, Vanessa
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/06/2008, Nacional, p. A4

São Paulo, 30 de Junho de 2008 - O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) - calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) -, acelerou de 1,61%, em maio, para 1,98% em junho, taxa acima da mediana estimada pelo mercado, que previa alta de 1,95%. A taxa é a maior desde fevereiro de 2003, quando avançou 2,28%. No ano, o IGP-M acumula alta de 6,82% e, nos últimos 12 meses a elevação é de 13,44%. O IGP-M é usado na correção de tarifas de energia, em contratos de prestação de serviços e em boa parte dos aluguéis. Os três índices que compõem o indicador registram aceleração em junho. Destaque para o Índice de Preços no Atacado (IPA) que, em junho, subiu 2,27%, ante alta de 2,01% no mês anterior. Dentro deste indicador, o grupo bens intermediários foi o que mais subiu, com alta de 2,50%, ante elevação de 1,79% em maio. A alta se deu graças ao acréscimo de 0,98% para 3,94% do subgrupo materiais e componentes para a construção, sendo o principal responsável pela aceleração do grupo. Outro componente, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apresentou também avanço em junho, em relação a maio, passando de 0,68% para 0,89% neste mês. Quatro das sete classes de despesas que formam o índice apresentaram taxas mais elevadas. As principais contribuições partiram da alimentação (1,77% para 2,20%) e habitação (0,02% para 0,41%). Na primeira classe de despesa, os destaques foram arroz e feijão (0,56% para 11,16%) e carnes bovinas (2,79% para 6,72%). Na segunda, a maior influência partiu do item tarifa de eletricidade residencial (de ¿2,02% para -0,39%). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou, em junho, alta de 2,67%, muito acima do resultado do mês anterior, de 1,10%. Os três grupos componentes do índice apresentaram acréscimos. O grupo mão-de-obra teve sua taxa elevada de 0,96%, no mês anterior, para 3,75% nesta apuração. A aceleração foi conseqüência de reajustes salariais ocorridos nas cidades de Brasília, Fortaleza, Goiânia, Florianópolis e São Paulo. Economia de base A aceleração do IGP-M comprova que a economia de base continua bastante aquecida, ainda mais caso se analise o INCC que mostra uma inflação pressionada pela forte demanda que atingiu o setor por conta da expansão do crédito. A avaliação é do gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora, Rodrigo Nassar. "A economia de base, formada pelas classes C e D, levou um tempo para se aquecer e o processo de esfriamento é igualmente lento. Vai depender da política de juros que é a única ferramenta para controlar o consumo e reduzir a inflação neste momento. No entanto, apesar do comportamento gradual de desaceleração ser esperado pelo mercado, o IGP-M ultrapassou a média das expectativas dos analistas", disse Nassar. O Índice de Preços no Atacado (IPA) deve continuar subindo puxado por commodities agrícolas, o que afeta diretamente a inflação dos alimentos, de acordo com um operador. "A tendência é que os preços de alimentos no atacado avancem ainda mais, pois há uma expectativa de quebra da safra de milho nos Estados Unidos devido às chuvas que atingiram os maiores produtores daquele país. Lá o milho é usado para a produção do etanol, o que deve gerar uma demanda maior pelo combustível brasileiro e aumento da exportação do nosso grão", disse. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)()