Título: Mudou a expectativa sobre a economia
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/07/2008, Politica, p. A6

1 de Julho de 2008 - A interpretação da CNI para a popularidade elevada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar do temor dos entrevistados em relação ao crescimento da inflação, é a de que a condição financeira das pessoas ainda estaria boa o suficiente para que os receios não afetassem de maneira decisiva a forma como elas enxergam o governo. As condições reais da economia, por enquanto, estariam garantindo que o medo da inflação não mudasse o saldo positivo do presidente. "Há uma mudança na expectativa sobre o comportamento futuro da economia", diz Marco Antonio Guarita, diretor de relações institucionais da entidade. "Mas as pessoas ainda não estão dizendo que estão sentindo no bolso efeitos negativos. Elas ainda estão satisfeitas com a vida que levam", completa. Segundo Guarita, prova disso seria o elevado percentual dos que afirmam ser o ano de 2008 bom ou muito bom, 80%. "Mas é evidente que o desempenho futuro efetivo dessas variáveis pode ter impacto na aprovação do presidente", ressaltou o diretor da CNI. E essa é a grande aposta da oposição. "Esse tipo de dado gera grande inquietação no Planalto, não tenha dúvidas", dispara o senador José Agripino (DEM-RN). "O governo sabe que esses índices de aceitação estão altos porque a inflação estava controlada, e isso permite manter o consumo e o crédito abundante. E eram esses dois aspectos que estavam sustentando o crescimento do País".Para o senador, a deterioração do quadro econômico reduziria a aprovação do presidente Lula à "níveis preocupantes". "Seria um golpe no atacado à popularidade", diz Agripino, acrescentando que a inflação atual é fruto da má distribuição dos investimentos públicos. Já o deputado Henrique Fontana (PT-RS), líder do governo na Câmara, acredita ser "natural" a preocupação com a inflação. "É extremamente saudável e correta. Mas o governo está com a política acertada para tentar amenizar os efeitos internos da dinâmica inflacionária", defende o parlamentar, observando que a maior parte da inflação se deve a fatores externos. O petista critica a postura da oposição. "Estou seguro de nossa política econômica. Apesar da empolgação da oposição, que torce para o pior, a população compreende que as medidas necessárias estão sendo tomadas".