Título: Inflação na zona do euro sobe 4% e bate novo recorde
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Fonte: Gazeta Mercantil, 01/07/2008, Internacional, p. A13
Bruxelas, 1 de Julho de 2008 - Pressionada constantemente pela alta dos preços do petróleo, a inflação da zona do euro alcançou alta de 4% interanual em junho, um novo recorde desde a criação desse espaço em 1999, que reforça os argumentos do Banco Central Europeu (BCE) para aumentar as taxas de juros. O recorde de 4% em junho na zona do euro (integrada por 15 países) supera o anterior de 3,7% estabelecido em maio, segundo uma primeira estimativa publicada ontem pela Eurostat, agência de estatísticas européia. "É um número ruim, é um tema de grande preocupação", disse o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Joaquin Almunia, que pediu "muito cuidado nas respostas ante a situação" para evitar "uma espiral inflacionaria". Segundo os economistas, que recalcularam a inflação teórica antes de 1999 nos países que integram hoje em dia a zona do euro, o índice de preços ao consumidor evolui desde o início dos anos 90. Em certos países, a alta superou amplamente 4%: a Espanha registrou inflação de 5,1%, o nível mais alto em 11 anos e meio, e na Bélgica chegou a 5,8%, recorde dos últimos 24 anos. A inflação foi impulsionada pelo aumento dos preços do petróleo, cujo barril chegou a ser negociado perto de US$ 144 em Nova York, ontem, e da alta nos preços dos alimentos. A forte elevação dos preços ao consumidor está muito acima do limite tolerado pelo BCE, cujo objetivo a médio prazo para a zona do euro é de inflação pouco abaixo de 2%. A inflação na zona do euro supera esse teto desde setembro de 2007. Essa situação tem provocado protestos e manifestações em toda a Europa, em particular entre os setores mais afetados pela alta dos preços do combustível, mas também entre os consumidores que vêem se reduzir seus poderes aquisitivos. O novo recorde de junho deve motivar uma reação do BCE na reunião do conselho de governadores esta semana em Frankfurt, na Alemanha. De fato, e depois de uma ano de status quo, o BCE se apressa a subir, na próximo quinta-feira, as taxas de juros para combater os riscos cada vez maiores que cria a forte inflação na zona do euro. "Podemos decidir mover um pouco as taxas", disse o presidente da instituição, o francês Jean-Claude Trichet, por ocasião da reunião do Conselho de Governadores do BCE na semana passada. A principal taxa do BCE se situa em 4% há um ano e, segundo os analistas, poderá ser revisada para 4,25%. "Essa nova taxa surpresa deverá manter o BCE em elevado estado de alerta", indicou o economista Laurent Bilke, do banco de investimento Lehman Brothers. Segundo o analista Christoph Weil, do banco alemão Commerzbank, a inflação continuará subindo nos próximos meses, o que "não atenuará as preocupações do BCE sobre o índice de preços ao consumidor". (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 13)(AFP)