Título: Votorantim investe mais R$ 1,4 bi em cimento
Autor: Karam, Rita
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/07/2008, Industria, p. C4

São Paulo, 1 de Julho de 2008 - A Votorantim Cimentos (VC) informou ontem que investirá um total de R$ 3,2 bilhões para elevar de 25 milhões de toneladas anuais para 39 milhões de toneladas anuais a capacidade de produção no período compreendido entre 2007 e 2011. No ano passado a companhia já havia informado verba de R$ 1,7 bilhão para alcançar 33 milhões de toneladas até 2010. Ontem acrescentou R$ 1,45 bilhão nesse total decididos neste ano. Em junho último a companhia já havia anunciado expansão na fábrica de Mato Grosso. Com isso, a VC terá capacidade aproximadamente 60% maior em 2011. Este ano a companhia encerrará com produção de 21 milhões de toneladas, segundo o presidente da Votorantim Cimentos, Walter Schalka A VC atende assim a pedidos tanto do governo federal quanto de alguns governadores que querem a garantia de abastecimento no processo de crescimento brasileiro. Schalka disse que a demanda deste ano superou as expectativas anteriores de alta de 9% nas vendas e o ano deve fechar com cerca de 11% de crescimento. Na região Centro-Oeste, que reclama de desabastecimento, a alta ficou em cerca de 14%. Pela primeira vez o consumo per capita deverá superar o recorde registrado em 1998 de 241 quilos por habitante/ ano. Em 2008 poderá chegar a 261 quilos e 50 milhões de toneladas vendidas no País. As projeções de Schalka são de crescimento médio de entre 7% e 8% anuais nos próximos três anos o que deve levar o Brasil para um nível de consumo per capita de cerca de 300 toneladas, próximo a países como Argentina e Chile. Alguns mercados têm consumo muito superior, como é o caso, por exemplo, da China, que chega a 1,2 quilos por habitante/ano respondendo por 50% do total de 2,7 bilhões de toneladas consumidas anualmente. O Brasil, acredita Schalka, chegará a 65 milhões de toneladas anuais em três anos. O executivo disse que os investimentos visam manter a participação da companhia no mercado brasileiro na casa dos 40% que detém hoje, mas reconhece que o acréscimo de produção é mais alto. Segundo Schalka, a capacidade garante flexibilidade no atendimento a demanda. Mas foi também um motivo de preocupação na definição dos novos investimentos. O executivo admitiu que a inflação poderá afetar o ritmo de crescimento do setor, que conta com o maior investimento em habitação e em infra-estrutura. Os novos investimentos prevêem unidades em Nobres (MT), Salto do Pirapora (SP), Rio Branco (PR) e Sobradinho (NE). Considerando o total já anunciados, passam de 17 para 26 as operações de cimento empresa. O objetivo é estar cada vez mais próximo do mercado consumidor, reduzindo o impacto do custo de distribuição, garantindo atendimento regional. Para tanto a empresa também está investindo em infra-estrutura logística. O objetivo é atender os pedidos em prazo curtíssimo. "Pedidos feitos pela manhã são atendidos à tarde", disse o presidente da VC. "Dessa forma o nível de estoque do varejo é muito pequeno" Schalka informou que a unidade de Aracaju tem capacidade ociosa mas os custos de transporte reduzem a competitividade do produto. Entretanto, a unidade do Mato Grosso tem sido abastecida por Sergipe para evitar escassez na região. Atualmente a maior unidade da VC está no Paraná, onde serão investidos mais R$ 400 milhões. A empresa também já havia anunciado a reativação de algumas unidades. Schalka não detalhou como será financiada a expansão, disse apenas que alguns investimentos receberão recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas são operações tratadas pela área corporativa para todo o grupo. Schalka afirmou que não há nenhuma aquisição prevista para o Brasil. No exterior, a companhia, que obteve receita líquida de R$ 5,6 bilhões em 2007, alta de 7,7%, tem unidades nos EUA, Canadá e na Bolívia. No exterior são 6 milhões de toneladas anuais. Preços De acordo com presidente da VC, o custo de investimento aumentou cerca de 40% em 24 meses, resultado da alta no aço e em outras matérias-primas. Além disso, os prazos para entrega de um moinho, que levava entre 12 e 14 meses, passou a cerca de dois anos. Além disso, a alta nos preços dos combustíveis - que respondem por cerca de 50% do custos de produção - também reduz a competitividade. A VC tem um programa de substituição que utiliza, por exemplo, casca de arroz e pneus na geração de energia que atende a 16% do consumo de energia da Votorantim.Schalka disse que, ainda assim, a VC repassou alta de 12 a 13% nos preços, mas reconheceu que para o consumidor final o aumento foi bem superior. Em algumas regiões mais distantes, disse o executivo, o aumento foi muito elevado e a companhia planeja fazer campanha na mídia para mostrar que essa alta não saiu das fábricas nessas proporções. Entre essas regiões Schalka cita Rondônia e Mato GrossoSchalka informou que o crescimento também tem provocado uma inflação de salários. A companhia desenvolve projetos nas regiões em que atua para formar mão-de-obra qualificada, são pedreiros, eletricistas, carpinteiros área de demanda das construtoras. Em fevereiro a cadeia produtiva entregou documento ao governo com proposta para treinar cinco milhões de pessoas.