Título: Rendimento da cana cai 6,3% nas usinas
Autor: Batista, Fabiana
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/07/2008, Aronegocio, p. C10

São Paulo, 1 de Julho de 2008 - O tempo chuvoso deixou a cana-de-açúcar no Centro Sul com mais água e, portanto, com menos açúcar. O resultado é que as usinas nesta safra estão com rendimento de produto 6,31% menor na comparação com a cana moída na safra passada, segundo a União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica). Significa mais gastos de transporte, energia, entre outros insumos, para atingir a meta de produção. "Isso preocupa. A perspectiva de rendimento é muito menor. Esperamos que essa perda seja compensada por preços maiores", afirma José Carlos Toledo, presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), que representa as usinas do Oeste de São Paulo. Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica, explica que, considerando que até agora (até 15 de junho), foram moídas 4,45% mais cana do que em mesmo período do ciclo anterior, o recuo no rendimento do açúcar na matéria-prima está em 2,14%. No caso do álcool, a recuperação de preços vêm, de fato, ocorrendo, puxada pela maior demanda interna e externa. A elevação de cerca de 16% nos preços do etanol nos Estados Unidos - de US$ 2,40 o galão para níveis entre US$ 2,80 e US$ 2,90 - trouxe muitos importadores ao Brasil e fez consultorias e a própria Unica reverem a perspectiva de exportação de álcool pelo Brasil da casa de 3,9 bilhões de litros para 5 bilhões. O cenário contribuiu para duas semanas seguidas de elevação dos preços do álcool na usina. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), desde a semana de 13 de junho, o valor do litro do álcool anidro valorizou-se 6,9% e o hidratado, 13,1%, apesar de ser período de safra. Na divulgação dos resultados da usina São Martinho, seu diretor financeiro e de Relações com Investidores, João Carvalho do Val, falou das perspectivas melhores para os mercados de álcool e açúcar. "O consumo interno em maio foi 14% maior que a média mensal da safra 2007/08. As exportações até maio já estão 29% maiores que em igual período de 2007. As vendas externas serão um catalisador para o preço do álcool nos próximos meses no mercado interno", avalia do Val. Para o açúcar, o executivo afirma que os preços para as safras 2009/10 e 2010/11 já refletem fixações em níveis de 13 centavos de dólar por libra-peso, valor acima do que foi fixado na safra atual. A São Martinho encerrou o quarto trimestre da safra 2007/08 com receita líquida de R$ 231,5 milhões, 26% superior aos R$ 183,8 milhões registrados no mesmo período do ciclo passado. A receita com álcool anidro no período cresceu 159% e a do hidratado, 29,5% em relação ao quarto trimestre da safra 2006/07. Com açúcar, o resultado no último trimestre da safra foi de receita líquida de R$ 74,6 milhões, 27,6% menor do que o valor registrado no quarto trimestre de 2007. "A estratégia da São Martinho, baseada na demanda, direcionou o mix de produção e comercialização para mais álcool e menos açúcar. Além disso, teve impacto a forte redução nos preços do açúcar tanto no mercado interno (22,9%) quanto no externo (9,4%)", diz do Val. Safra Apesar da expectativa de moer 12% mais cana nesta safra, até agora, a moagem no Centro-Sul foi apenas 4% maior. Para Toledo é provável que as usinas tenham que entrar o mês de dezembro moendo, quando o normal é encerrar a safra no início do último do ano. Para Mário Silveira, consultor de gerenciamento de risco da FCStone, a recuperação do atraso desta safra vai depender do clima no final do ano. "Se as usinas conseguirem moer durante o dezembro, há maiores chances de recuperação", acredita Silveira. (Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 10)()