Título: FMI faz novo alerta para risco de crise financeira global
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/07/2008, Internacional, p. A11
Washington, 2 de Julho de 2008 - O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu ontem contra o perigo do estouro de crises financeiras pelo mundo devido aos altos preços do petróleo e dos alimentos, e por suas repercussões sobre "o balanço de pagamentos de muitos países". "Um período prolongado com preços próximos dos níveis atuais ou acima deles terá um impacto sério sobre o balanço de pagamentos de muitos países", disse o organismo multilateral. "Além disso, a inflação está em alta, o que afeta todos os países e ameaça os equilíbrios orçamentários." "Alguns países estão a ponto de desmoronar", enfatizou o diretor gerente do FMI, Dominique Strauss-Khan, em um comunicado divulgado ontem pela entidade. "Se os preços dos alimentos seguirem aumentando e se as cotações do petróleo se mantiverem, alguns governos já não estarão em condições de alimentar a sua população nem de manter a estabilidade de suas economias." O risco de uma crise parece maior devido ao fato de que "o aumento dos preços dos alimentos levaria mais tempo que o habitual para ser reabsorvido, dados os novos aumentos da produção de biocombustíveis esperados, a continuação de um forte crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento e seu impacto sobre o preço do petróleo", acrescentou o Fundo. Trata-se da primeira tentativa de o FMI avaliar o impacto macroeconômico dos preços elevados do petróleo e dos alimentos. O Fundo, cuja missão fundamental é impedir o surgimento de crises nos balanços de pagamentos, advertiu em particular que a disparada do petróleo teria um "impacto elevado" sobre 81 países pobres ou de receitas médias. O FMI enfatizou que 33 países importadores de alimentos sofreram um aumento de US$ 2,3 bilhões em seus gastos, ou 0,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) desde janeiro de 2007. No mesmo período, os efeitos do petróleo caro amputaram recursos de 59 países pobres importadores desta commodity em US$ 35,8 bilhões (2,2% do PIB). O FMI ressaltou a grande vulnerabilidade dos países pobres que são importadores de alimentos. Nestes países as famílias já destinam mais da metade de seus recursos à alimentação, recordou. O aumento dos preços do petróleo pesa também mais que o dos preços dos alimentos no balanço de pagamentos, posto que as importações de petróleo são duas vezes e meia mais altas que as dos alimentos. Diante da imprensa, Strauss-Kahn disse que esperava "decisões fortes" sobre este tema na cúpula de chefes de Estado e de Governo do Grupo dos Oito (G8) - grupo dos sete países mais industrializados do mundo (Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Japão, Canadá e Itália - mais a Rússia) que acontecerá entre 7 e 9 de julho no Japão. O diretor adjunto do FMI, Mark Plant, expressou sua esperança de que o G8 permita impulsionar as negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), posto que sua conclusão "será necessária para que o mercado agrícola mundial, assim como os demais mercados, funcionem bem". Ver mais na página B1 (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(AFP)