Título: Lula quer solução para Dívida Ativa
Autor: Staviski, Norberto
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/07/2008, Nacional, p. A5

Curitiba, 3 de Julho de 2008 - "Nós temos uma dívida ativa, inscrita e não inscrita, de R$ 1,2 trilhão. São dívidas impagáveis, porque tem um erro no Estado brasileiro. Quando um cidadão faz uma dívida de R$ 10 e não pode pagar; passam-se 10 anos, passam-se 15 anos. Primeiro, o Estado é incompetente por deixar a pessoa ficar devendo 20 anos. Segundo, você fica colocando penduricalho em cima de penduricalho e isso vira R$ 100 mil e você nunca mais vai poder pagar. Portanto, você vira um cidadão com o nome sujo no Banco do Brasil. Vamos limpar esse negócio, vamos tirar todos os penduricalhos, ver qual é a dívida real e dar um tempo para as pessoas poderem pagar. Assim, o Estado não finge que tem uma dívida, as pessoas não fingem que devem, e o Estado passa a ter uma dívida real, as pessoas passam a pagar o que é real e nós criamos condições de transformar o País em um país muito mais produtivo", disse ontem o presidente Lula da Silva, em Curitiba. Ele abordou o assunto durante o lançamento do Plano Safra 2008/2009 ao se referir também à renegociação das dívidas dos produtores rurais. "Qualquer governo pode dizer: Tenho bastante grana, porque tenho uma dívida de R$ 1,2 trilhão. O que acontece de fato? Só de pessoas que devem até R$ 10 mil e estão devendo há mais de 5 anos são 2,6 milhões de processos na Justiça. Esses processos levam quatro anos na esfera administrativa e depois levam 12 anos no Poder Judiciário. Isso termina sendo uma estupidez. Essa dívida interessa a quem banca esses processos, porque não pode interessar nem ao agricultor e nem ao Estado", disse. Segundo o presidente, por conta destes devedores há na Justiça 11,6 milhões de processos. "Penso que 80% dos devedores não devem dever 100 mil reais. Tem pequenas empresas que abriram, fecharam, e estão devendo lá. O cidadão nem existe mais enquanto empresa, mas a dívida está lá, ou a pessoa já morreu e não vai pagar. Vocês estão lembrados que eu disse que nós vamos destravar este País, porque este País tem que aproveitar este momento para dar um salto de qualidade."