Título: Kerry: Bush cria "mais desculpas que empregos"
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/09/2004, Internacional, p. A-12

O candidato democrata à presidência dos EUA, John Kerry, acusou ontem o presidente George W. Bush de se fazer de vítima para justificar o retrocesso econômico do país e de "criar mais desculpas que empregos". Kerry pediu que seu adversário nas eleições do próximo 2 de novembro aceite sua responsabilidade e tome decisões para que não haja mais perdas de postos de trabalho e se melhore a situação da classe média americana.

Em seu discurso no Clube Econômico de Detroit (Michigan), com um tom mais crítico do que o habitual, o candidato democrata afirmou que atualmente os EUA têm uma presidência que "nunca se equivoca, nunca é responsável, nunca tem culpa". Declarou estar disposto a lutar contra um governo, que assegurou ser "o pior do país desde o de Herbert Hoover e a Grande Depressão". Prova disso, afirmou, é a perda de um milhão de empregos desde que Bush assumiu a presidência, a existência de 8 milhões de americanos buscando trabalho, de 45 milhões que não têm plano de saúde e de mais 4,3 milhões de pobres. "Se ele conseguiu tudo isso em quatro anos, imagine o que poderá fazer em outros quatro", ressaltou.

Para resistir à política do atual governo, Kerry prometeu a seus interlocutores do clube, em sua maioria republicanos, que se ganhar as eleições adotará um plano a favor dos trabalhadores mas também das empresas porque "eu sou um democrata empreendedor". Acrescentou que o histórico econômico do presidente Bush não é fruto das circunstâncias, ou da má sorte como o governo pretende fazer crer, mas é simplesmente o resultado de "más decisões".

Embora a maior parte de seu discurso tenha se focado em questões econômicas, Kerry também lançou uma dura crítica à política do presidente com relação ao Iraque. Em entrevista disse que Bush deveria ter um plano de retirada das tropas, e que o que está fazendo "é tornar mais difícil o trabalho do próximo presidente em relação ao tema".