Título: Dólar e juros futuros sobem com cenário externo ruim
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/07/2008, Finanças, p. B2

O sentimento negativo em relação à economia mundial com um novo recorde no preço do barril de petróleo contaminou o mercado doméstico, levando a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a uma queda de 3%, além de pressionar a alta do dólar e dos contratos de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). A Bovespa caiu 3% para 59.577 pontos, abaixo do patamar psicológico dos 60 mil pontos. O volume financeiro totalizou R$ 4,73 bilhões. Em Nova York, o mercado colocou na balança uma nova disparada no preço do barril de petróleo, indicadores econômicos de emprego, a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar a taxa básica de juros da zona do e a recuperação de ações depreciadas nas sessões anteriores, como General Motors (GM). O resultado foi uma ligeira alta dos índices Dow Jones e SP&500 e uma leve queda do Nasdaq. O Dow Jones subiu 0,65%, o SP&500 avançou 0,11% e o Nasdaq perdeu 0,27%. O pregão de ontem encerrou a uma hora da tarde por ser véspera do feriado do Dia da Independência dos Estados Unidos. Na Nymex, o preço do barril de petróleo WTI atingiu um novo recorde de alta, fechando com valorização de 1,2% aos US$ 145,29. Na Europa, as bolsas encerraram em território positivo no dia em que o BCE elevou os juros em 0,25 ponto percentual para 4,25% ao ano, em linha com as expectativas do mercado. Em discurso, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, sinalizou que este pode ser a única elevação na taxa. "O mercado interpretou essa elevação dos juros na Europa como um indício de que o Federal Reserve não deverá subir os juros nos Estados Unidos. Os indicadores econômicos divulgados revelam que a situação ainda está ruim e não há espaço para um aperto monetário", avalia o estrategista-chefe do Crédit Agricole, Vladimir Caramaschi. No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,5%, cotado a R$ 1,611 na venda e R$ 1,609 na compra, em reflexo do cenário externo pessimista. O mercado também repercutiu o anúncio da Bovespa de que o saldo líquido das negociações feitas por estrangeiros no mercado de ações brasileiro teve saída líquida de R$ 7,41 bilhões em junho - a maior da série histórica iniciada no mês de janeiro de 2000. Foi divulgado também o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (IPC-Fipe), que confirmou uma desaceleração da inflação. O indicador avançou 0,96%, acima do consenso de mercado (0,90%). No mês anterior o IPC registrou avanço de 1,23%. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou que o faturamento real da indústria de transformação brasileira cresceu 1,1% em maio ante abril, descontados os efeitos sazonais. No mercado de juros futuros, o contrato DI de janeiro de 2010, o mais negociado, apontou taxa anual de 15,39%, contra 15,33% do ajuste anterior. O DI de janeiro de 2009 fechou com taxa anual de 13,47%, ante 13,43% do último ajuste. Janeiro de 2012 fechou com juro anual de 15,35%, contra 15,27% do ajuste anterior. No curto prazo as taxas encerraram estáveis. O DI de agosto ficou em 12,32%. Outubro apontou taxa de 12,79%, ante 12,78% do ajuste anterior.