Título: Príncipe aprova pedido de extradição de Cacciola
Autor: Quadros, Vasconcelos
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/07/2008, Direito Corporativo, p. A12

O ex-banqueiro Salvatore Cacciola, detido desde setembro de 2007 em Mônaco, será extraditado para o Brasil. O ministro da Justiça, Tarso Genro, recebeu na sexta-feira a confirmação de que o chefe do Poder Executivo em Mônaco, príncipe Albert II, concordou com o pedido de extradição. Cacciola deverá chegar ao Brasil nos próximos 15 dias. Mais que obrigar o ex-banqueiro a cumprir a pena em prisão brasileira - 13 anos e meio de condenação, por um dos maiores golpes contra o mercado financeiro -, o governo tem outro objetivo: recuperar os R$ 1,5 bilhão desviados do Banco Central aos bancos Marka e Fonte-Cindan, em 1998. Informações que chegaram ao Ministério da Justiça apontam que boa parte da fortuna circula na Itália em dinheiro vivo, depositado em instituições financeiras ou convertida em vários tipos de investimentos em nome de Cacciola e seus familiares. Como o Brasil não tem acordo de extradição com a Itália, o ex-banqueiro se sentiu à vontade para transferir seus ativos sem necessitar dos expedientes tradicionais de lavagem de dinheiro. Há suspeitas, no entanto, que Cacciola tenha se utilizado também das facilidades de paraísos fiscais para camuflar parte do capital. O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão vinculado à Secretaria Nacional de Justiça, intensificou as ações para bloquear o dinheiro. "Vamos repatriar os recursos públicos desviados, mas essas ações devem correr em sigilo e dependem ainda de decisões judiciais", disse o secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. A partir de hoje a Polícia Federal começa a montar o planejamento da operação de remoção de Cacciola para o Brasil. Um delegado e dois agentes devem viajar ao Principado de Mônaco assim que estiverem concluídos os detalhes burocráticos que estão sendo discutidos entre as embaixadas dos dois países. Cacciola deverá ser algemado e colocado num vôo comercial. Ele será entregue pela Polícia Federal ao juiz da 6ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, em que estão todos os processos referentes à falência dos bancos Marka e Fonte-Cindan e onde o ex-banqueiro sofreu a primeira condenação. Na avaliação do Ministério da Justiça, os advogados de defesa ainda podem tentar um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF).