Título: Alta dos juros afeta segmento de renda fixa
Autor: Rosa, Silvia
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/07/2008, Gazetainvest, p. B3

São Paulo, 8 de Julho de 2008 - Em junho, a indústria de fundos de investimento sofreu impacto não apenas da queda do mercado acionário como também da alta da taxa de juros no mercado interno. A abertura da curva de juros da taxa Selic, para 12,25%, afetou principalmente os fundos de renda fixa, que estavam com posições prefixadas em taxa de juros. A categoria registrou forte resgate em junho, de R$ 45,17 bilhões, o que resultou em captação negativa de R$ 10 bilhões no mês, segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). "Os fundos de renda fixa que estavam com posições prefixadas tiveram seus papéis desvalorizados com o aumento da taxa de juros, o que acabou impactando a sua rentabilidade", afirma Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management. Com retorno próximo do CDI, muitos investidores, segundo Póvoa, acabaram migrando seus recursos dos fundos de renda fixa para opções mais conservadoras como os fundos DI, poupança e CDB ( Certificado de Depósito Bancário). No ano, até o dia 2 de junho, os fundos de renda fixa acumulam retorno de 5,92%, enquanto os fundos DI apresentaram valorização de 5,43% no período. Para o gestor de renda fixa da Mercatto Gestão de Recursos, André Fadul, os fundos de renda fixa têm enfrentado concorrência dos CDBs oferecidos pelos grandes bancos, que chegam a pagar taxas de mais de 100% do CDI para os clientes pessoa física. Segundo dados da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), do início de janeiro até 4 de julho, o estoque de CDBs no mercado havia crescido 40%, de R$ 360 bilhões para R$ 495 bilhões. Em junho, as cadernetas de poupança também apresentaram captação líquida positiva de R$ 1,529 bilhão, montante 39,48% maior do que o registrado em maio, segundo o Banco Central. Por outro lado, os fundos multimercado, que apresentaram fortes resgates no início deste ano, registraram captação positiva em junho de R$ 3,1 bilhões. No ano, no entanto, até o dia de julho, a categoria acumula captação líquida negativa de R$ 21,7 bilhões. Apesar de sofrerem impacto com a forte queda registrada pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em junho, de 10,43%, muitos fundos multimercados ganharam com alta da taxa Selic e dos índices de inflação. É o caso do fundo Modal Eagle 60 FI Multimercado, que acumula até junho valorização de 10,42% no ano. Segundo Póvoa, o ganho do fundo veio principalmente com a aplicação em títulos públicos atrelados à índices de inflação e da aposta na alta da taxa de juros, com posições compradas no índice futuro de DI. Além disso, o fundo também estruturou uma posição vendida em índice futuro do Standard & Poor¿ s, por meio de uma operação de swap, oferecida pelos bancos no Brasil. Os fundos de renda variável com alavancagem apresentaram a melhor rentabilidade em junho, acumulando valorização de 5,58% no ano. O sócio da Paraty Investimentos, Marco Franklin, também acredita numa recuperação dos fundos multimercado, assim que o mercado de renda variável nos Estados Unidos se estabilizar. O fundo Paraty Hedge FI Multimercado também ganhou com alta da inflação e da taxa de juros, apresentando valorização de 8,84% no ano até junho. Segundo Franklin, a aposta na queda da cotação do dólar ajudaram a alavancar a rentabilidade do fundo, com a forte desvalorização da moeda norte-americana após o grau de investimento.