Título: G8 conclui reunião sem soluções de curto prazo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 10/07/2008, Internacional, p. A12

A Cúpula do G8 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia) não encontrou uma solução a curto prazo para responder às crises financeira, alimentar e energética em discussão, mas apostou nas perspectivas da economia mundial, manifestando, ao mesmo tempo, muitas preocupações. "Mesmo reconhecendo que o crescimento desacelerou, estamos confiantes em suas perspectivas", indica a declaração da presidência japonesa publicada ontem ao final da Cúpula de Toyako (Japão). "No entanto, reconhecemos a necessidade de responder às questões levantadas pelo nível elevado dos preços do petróleo e dos alimentos e às pressões inflacionárias mundiais, à estabilidade dos mercados financeiros e à luta contra o protecionismo", continuou. Sobre o petróleo, que cotado a quase US$ 150 o barril, o G8 se limitou a pedir uma adaptação da produção ao consumo e também investimentos no setor de refino. Os preços do petróleo dobraram no último ano e quintuplicaram desde 2003. Dos países do G8 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia) somente um, a Rússia, é um exportador de petróleo importante. "Desde o início, os mercados não esperavam grandes coisas da cúpula", destacou Tomoko Fujii, a principal economista do Bank of America em Tóquio. "Isto tem um impacto sobre todos os países do mundo", lamentou o primeiro-ministro britânico Gordon Brown. A disparada dos preços da energia pode também ter uma responsabilidade no aumento dos preços dos produtos alimentícios, que vem provocando manifestações nos países pobres. "A Cúpula do G8 não teve nenhum impacto sobre os mercados", constatou Yosuke Hosokawa, responsável do câmbio em Chuo Mitsui Trust Bank, de Tóquio. Ele destacou que as expectativas sobre as iniciativas do G8 para enfrentar a crise econômica são muito baixas,"sobretudo porque todos dizem há vários anos que a própria cúpula é uma caixa vazia". Acordo para Doha O Brasil é a chave para uma conclusão bem-sucedida da Rodada Doha e quer desbloquear as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) que serão realizadas dentro de alguns dias em Genebra, assegurou ontem o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. "A chave para um acordo é o Brasil, que liderará os países do Mercosul", disse Brown em uma entrevista coletiva à imprensa ao término da cúpula do G8. "Creio que o presidente Lula está possibilitando agora uma retomada cabal das negociações, e o que nos fez recuar durante meses agora é possível nos próximos dias", disse Brown após ter se reunido com Lula e o chanceler Celso Amorim. O chefe da OMC, Pascal Lamy, convocou cerca de 30 países para uma reunião ministerial em Genebra, a partir de 21 de julho, para decidir o futuro de Doha, lançada há quase sete anos e que deveria ter sido concluída no final de 2004. Após a reunião, Brasil e Grã-Bretanha emitiram um comunicado que adverte que "a oportunidade para a obtenção de um acordo desse tipo é pequena e está se fechando", disse o primeiro-ministro britânico. O presidente Lula foi um dos mais entusiasmados quanto às perspectiva da Rodada Doha durante reunião com líderes de EUA, União Européia, Índia e outros participantes importantes do processo, segundo líderes presentes. Já o presidente da França, Nicolas Sarkozy, deixou claro que também espera concluir rapidamente o acordo, e para isso fez um apelo especial ao Brasil, segundo relato transmitido por Gordon Brown. "O Brasil deixou claro que deseja este acordo", disse Brown. "O presidente Sarkozy deixou claro que gostaria de ver um rompimento do impasse e fez um apelo ao Brasil", acrescentou.