Título: Frota norte-americana não preocupa Jobim
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Fonte: Gazeta Mercantil, 11/07/2008, Nacional, p. A4

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem não estar preocupado com a reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos. "Não estamos preocupados com isso. Evidentemente, os norte-americanos podem fazer o que bem entenderem, mas fiquem certos de que nas 200 milhas brasileiras a Quarta Frota não participará (entrará)", afirmou Jobim, ao ser questionado se a iniciativa poderia ser interpretada como um sinal de que o governo dos Estados Unidos pretende manter a América Latina sob sua área de influência, principalmente após as recentes descobertas de petróleo dentro do mar territorial brasileiro. O ministro da Defesa disse que não conversou com representantes do governo norte-americano sobre o assunto. Jobim afirmou, no entanto, que viajará aos Estados Unidos no final do mês para, entre outros assuntos, discutir o tema com o chefe do Comando do Sul, almirante James Stavridis, a quem está subordinada a Quarta Frota. A Quarta Frota foi criada pela Marinha dos Estados Unidos em 1943 para enfrentar o avanço nazista durante a Segunda Guerra Mundial, e desativada em 1950, quando a responsabilidade pelas operações navais norte-americanas no Caribe e nas Américas do Sul e Central, com exceção do México, foi incorporada à Segunda Frota. Durante sua visita ao Brasil em maio deste ano, o almirante Stavridis alegou que o principal objetivo para que a Quarta Frota fosse recriada é a possibilidade desta prestar ajuda humanitária e colaborar com a luta contra o terrorismo e o narcotráfico. A versão foi endossada, quarta-feira, pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobel, ao receber os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Pedro Simon (PMDB-RS), João Pedro (PT-AM) e Christovam Buarque (PDT-DF). O encontro foi solicitado pelos senadores porque existiam rumores de que a reativação da Quarta Frota teria sido motivada pela descoberta de petróleo na costa marítima brasileira ou por uma tentativa de controlar países da região com governos considerados "incômodos" por Washington, especialmente a Venezuela. "Depois de ouvir o embaixador dizer que a Quarta Frota teria motivações humanitárias, perguntei ao embaixador quantos médicos fariam parte dela, e também questionei a quantidade de navios e o tipo de atendimento que prestariam ajuda em águas brasileiras. Estranhamente, ele não soube responder", comentou o senador João Pedro. Sobel teria informado aos senadores que a Quarta Frota não terá navios permanentes e será composta por 120 pessoas baseadas no estado da Flórida. Jobim e Sobel serão convidados pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) a participar, em datas diferentes, de reuniões destinadas a debater a reativação da Quarta Frota. O requerimento foi apresentado pelo senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e aprovado ontem pela comissão.