Título: Controle piramidal confunde o investidor
Autor: Filgueiras, Maria Luíza
Fonte: Gazeta Mercantil, 14/07/2008, Direito Corporativo, p. A13

Formatar uma holding com diversas subsidiárias, grupos de investidores e divisões de negócios que, no fim das contas, tem composição acionária completamente diferente da original é comum entre companhias diversificadas e que se abrem a novos acionistas para captar recursos. O fato de haver, na ponta dessa cadeia, um controlador que detém menos de 10% ou nada das ações da empresa também é um artifício legal. Mas esse emaranhado, conhecido como controle piramidal e assegurado por acordos de acionistas, pode confundir o investidor e até camuflar relações conflituosas. Essa dificuldade fica clara quando se tenta entender, por exemplo, onde se infiltram os fundos do grupo Opportunity, de Daniel Dantas, hoje do centro das investigações da Polícia Federal. Entre a lista de empresas que têm relação com o grupo, é um desafio distinguir onde permanecem como investidores e onde já houve retirada do capital. "Estruturas societárias grandes e disseminadas demonstram complexidade das relações entre empresas e pessoas, que pode vir inclusive de benefício de ordem fiscal, e em algum momento dificultam o entendimento sobre o controle do grupo", afirma João Juenemann, conselheiro do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.