Título: Lula acredita em acordo na OMC
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Fonte: Gazeta Mercantil, 15/07/2008, Internacional, p. A12

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que existe a possibilidade de um fim satisfatório para a Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas o acordo não está nas mãos do Brasil, disse ontem pela manhã, durante o programa de rádio "Café com o Presidente". Para Lula, as negociações dependem da redução do protecionismo agrícola dos países ricos. "Se nós nos colocarmos de acordo com a questão industrial e eles cederem na questão agrícola, como estão dispostos a ceder, eu penso que nós teremos um acordo extraordinário", declarou. "Nós apenas estamos tomando cuidado para não permitir que a flexibilização que eles (os países ricos) querem no setor industrial possa significar o impedimento do desenvolvimento industrial das economias mais frágeis". Acusação a Mandelson O comissário do Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, fez "declarações falaciosas" sobre o provável impacto do fracasso em alcançar um acordo de comércio global, informou o grupo de lobby dos produtores agrícolas da UE, Copa-Cogeca. As propostas da OMC que buscam melhorar o comércio nas áreas de agricultura e de bens manufaturados poderão "progressivamente afetar gravemente, direta ou indiretamente, o setor de alimentos e o emprego", disse Gert van Dijk, presidente do grupo Cogeca, em ontem em Bruxelas. O setor de processamento do carnes da Europa será "especialmente afetado" com nada menos que 500 mil perdas de empregos e um acordo não trará benefícios para os setores industrial ou de serviços da UE, disse.Os negociadores da OMC estão tentando alcançar um acordo rápido e geral que remova as barreiras comerciais e os subsídios e promova o comércio nos países em desenvolvimento. Isso tem se mostrado difícil já que os países estão relutantes em abrir seus mercados ou em reduzir o suporte financeiro para os produtores agrícolas. Cerca de três dúzias de ministros e altos funcionários do Comércio vão se reunir em Genebra na próxima semana numa última tentativa de fechar um acordo. O grupo Copa-Cogeca emitiu uma declaração refutando os comentários feitos por Mandelson, como "o fracasso na OMC pode abrir a porta para o protecionismo", "Os maiores perdedores serão os países mais pobres" e "A UE também vai perder se fracassarmos". As propostas agora sobre a mesa "deixarão os consumidores da UE ainda mais dependentes das importações de suprimentos de alimentos básicos num momento de crise mundial de alimentos", disse Jean-Michel Lemetayer, presidente do Copa.. Mesmo o "melhor resultado possível dessas conversações sobre comércio" implicará na perda de ¿ 30 bilhões (US$ 47 bilhões) ao ano para os produtores agrícolas europeus, ele disse.