Título: Mato Grosso lidera a devastação da floresta
Autor: Ottoboni, Júlio
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/07/2008, Nacional, p. A5

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou ontem, com quase um mês de atraso, os novos números do desmatamento da Amazônia. Pelo sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), 1.096 km da floresta vieram abaixo. Pelo mapeamento ficou comprovado cientificamente que houve corte raso ou degradação progressiva durante o último mês de maio. Novamente o Estado do Mato Grosso liderou a devastação ambiental. A área desmatada em maio é maior que a Baía de Todos os Santos, conhecido como Mar da Bahia, que banha a cidade de Salvador e abriga a Ilha de Itaparica. A floresta já perdeu quase 20% do seu tamanho original, algo em torno de 700 mil km foram derrubados. Ou seja, uma área superior a três vezes o tamanho da Grã-Bretanha. O monitoramento pelo Deter mostra que a liderança do Mato Grosso na destruição da floresta está longe de ser superada por qualquer outro estado amazônico. O estudo apontou que 646 km são correspondentes a atividades dentro do Mato Grosso. Apesar de responder por 60% do volume total, apresentou uma queda de 19% em relação ao aferido em abril, quando foram derrubados 794 km de mata nativa. Barreira de nuvens Também foram identificados 262 km no Pará, diante de 1,3 km registrado no mês anterior. O aumento no Pará, segundo o relatório do Inpe, se explica pela área coberta por nuvens. Em abril apenas 11% do território do estado foi imageado pelos satélites; em maio a mesma observação aumentou a cobertura para 41% da área total. As imagens coletada pelo processo de sensoriamento remoto não conseguem ultrapassar a barreira formada pelas nuvens, algo só alcançado pelos radares. Nesse período, o Mato Grosso foi analisado sem interferência destas formações atmosféricas. Já o Amazonas e o Pará continuaram com a maior parte de seus territórios cobertos pela nebulosidade. O relatório de maio ainda mostrou que Roraima teve um desmatamento de 97,9 km; seguido pelo Maranhão, com 55,8 km; o Amazonas registrou 31,5 km; o Acre, 1,4 km; e Tocantins 0,9 km. Os dados do sistema Deter referentes ao mês de junho serão divulgados no dia 29 deste mês, acompanhados do relatório de avaliação. Corte raso Para o relatório de maio, o Inpe analisou 18 imagens do satélite Landsat, localizadas nos Estados do Mato Grosso, Pará, Rondônia e Amazonas. Elas foram feitas depois do dia 15 de junho. Ainda se estudou 241 polígonos de desmatamento, representando 544 kmou aproximadamente 50% da área total do desmatamento. Do total avaliado, 88,3% foram confirmados como sendo desmatamento. Deste volume, 59,5% da derrubada foi de corte tipo raso, 28,8% de degradação florestal e 11,7% não se enquadraram nestas classes.