Título: OMC mantém previsões de crescimento do comércio global
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/07/2008, Internacional, p. A11
A Organização Mundial de Comércio (OMC) manteve ontem em 4,5% a previsão de crescimento do comércio mundial neste ano, sem mudanças com relação às estimativas realizadas há três semanas. "Observamos, como esperado, uma desaceleração do crescimento econômico e ainda existe uma grande diferença entre os países desenvolvidos e os emergentes", informou o economista da OMC, Michael Finger. "Mantivemos as estimativas que publicamos. Continuamos vendo um crescimento comercial de 4,5% para 2008." Em abril, a OMC previu que o crescimento do comércio em nível mundial sofreria uma desaceleração que teria duração de, no mínimo, seis anos. 4,5% em 2008, 5,5% em 2007 e 8,5% em 2006. Rodada Doha O relatório da OMC divulgado ontem mostrou que o crescimento dos países em desenvolvimento desde a Segunda Guerra Mundial e, mais recentemente, das nações do leste asiático com foco nas exportações apontam para o fato de que a abertura do comércio pode ajudar no combate à pobreza. O diretor geral da OMC, Pascal Lamy, defendeu que poucos podem questionar os benefícios que a globalização trouxe para centenas de milhares de pessoas em termos de maior prosperidade. A reunião dos ministros da OMC convocada por Lamy a partir do dia 21 de julho visa um avanço significativo nas longas conversas da Rodada Doha, de liberalização do comércio global, poderia, segundo ele, também buscar promover uma divisão os custos e benefícios da globalização. "O que os membros da OMC alcançarem na próxima semana será visto como um indicador da vontade internacional no sentido de dividir a administração da globalização de uma maneira efetiva e eqüitativa", afirmou Lamy. Conforme dados da OMC, o acordo de Doha poderia representar uma aumento anual de 1% na economia mundial, ou US$ 50 bilhões. O informe citou estudos que mostram que a maior disponibilidade de produtos por meio do Tratado do Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) e do comércio com a China impulsionou as receitas norte em uma média de 3%. Interesses divergentes A representante do Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, disse ontem aos ministros africanos do Comércio que devem procurar seus próprios interesses nas negociações de Doha que, segundo ela, poderão ser diferentes dos interesses dos países emergentes mais desenvolvidos. Schwab respondeu ao comentário do ministro do Comércio de Botsuana, Daniel Neo Moroka, que disse ser "irônico" que os países desenvolvidos estejam, em grande parte, por trás da estagnação de Doha. Moroka incitou os EUA e os outros países ricos a ajudar a criar "um campo de atuação equilibrado" para as economias africanas. Schwab disse que os representantes dos países africanos nas negociações que se realizam em Genebra deveriam se focalizar "nos interesses diretos e imediatos da África na Rodada Doha, pois esses não serão sempre idênticos aos interesses mencionados por outros países em desenvolvimento".