Título: Meirelles defende estratégia cambial
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/07/2008, Finanças, p. B1
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que as operações chamadas de swap cambial reverso fazem parte da política do governo para aumentar a resistência da economia do País em relação a eventuais crises. Para Meirelles, as operações feitas pelo BC, em que os investidores são remunerados com juros quando apostam na variação do câmbio, são um dos principais pilares para a constituição da resistência da economia brasileira. Inclusive, disse, tais operações contribuem para diminuir a vulnerabilidade externa do Brasil e reduzir os custos de captações no mercado internacional tanto para empresas como para o Tesouro Nacional. "Um dos pontos importantes são as reservas internacionais", disse. O acúmulo chegou ontem a US$ 203,2 bilhões. Meirelles disse que hoje o Banco Central "tem poder de fogo", diante do forte acúmulo de reservas. As compras de moeda estrangeira podem ser feitas no mercado à vista ou no mercado futuro (swap cambial). Ainda, ao rebater críticas de que as operações causam prejuízos ao Tesouro Nacional, Meirelles afirmou que os custos variam conforme o período. "Os custos das operações são muito variáveis em função da evolução das cotações da moeda", respondeu Meirelles ao ser questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT) sobre o prejuízo causado pelas operações, durante a audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal. Segundo o parlamentar, apenas em maio o prejuízo foi de US$ 2 bilhões. Meirelles admitiu que as operações acumulam resultados negativos. Porém, sem citar dados, argumentou que a participação ainda é pequena como proporção ao Produto Interno Bruto (PIB) e que, entre 2003 e 2005, os custos das operações foram positivos. Meirelles acrescentou que, no passado quando a moeda brasileira era considerada fraca, as operações de swap cambial representavam 70% das reservas internacionais. E hoje respondem apenas por 11%, disse. Inflação no foco O presidente do Banco Central afirmou ainda, durante a audiência na CAE, que a pressão inflacionária vai além dos preços dos alimentos e reiterou que a instituição fará o que for necessário para fazer a inflação convergir para o centro da meta em 2009. Disse que até lá o aperto monetário, iniciado em abril, surtirá "efeito máximo". "O Banco Central trabalha sempre com essas defasagens." Para 2008, a inflação deve superar o centro de 4,5%. Meirelles não quis falar se a inflação ultrapassará o teto este ano. Ele apresentou dados que mostram que o núcleo de inflação, medida pelo IPCA - exclui a inflação dos alimentos e dos preços administrados - acumulou alta de 5,38% nos últimos 12 meses encerrados em junho. Ele admitiu que existe uma pressão inflacionária proveniente do mercado internacional que coincide com a emergida no mercado interno diante do aquecimento econômico, que vem gerando desequilíbrio entre a oferta e demanda. Para ele, o déficit previsto para as contas correntes em 2008 é reflexo da forte demanda interna, que vem sendo atendida, também, pelas importações. A idéia do BC é evitar a propagação da inflação importada nos preços internos. Neste caso, Meirelles repetiu várias vezes a conhecida frase feita da instituição. "O BC está comprometido em manter a inflação sob controle e fazer com que as expectativas de inflação convirjam para as metas estabelecidas pelo CMN. O BC fará o que for necessário por tempo necessário para trazer as expectativas de inflação para as metas."