Título: Barril fecha em forte queda em Nova York, para US$ 138,74
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/07/2008, Infra-estrutura, p. C5

O contrato de petróleo despencou mais de US$ 6 o barril em Nova York em meio a preocupações de que a desaceleração da economia norte-americana reduzirá a demanda pela commodity e pela gasolina. O petróleo caiu após o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Ben S. Bernanke, ter dito que os riscos ao crescimento e de aumento de inflação aumentaram, em sessão de esclarecimentos perante o Comitê de Assuntos Bancários do Senado. Ele abandonou sua avaliação de junho de que a ameaça de uma desaceleração da economia norte-americana tinha amainado. Foi a maior perda do petróleo no fechamento em 17 anos - desde que os preços fecharam com queda US$ 10,56 em janeiro de 1991, no início da Guerra do Golfo. Na bolsa de Nova York, o contrato de agosto perdeu US$ 6,44, ou 4,44%, para fechar a US$ 138,74 o barril, negociado entre US$ 135,92 e US$ 146,73. Na mínima do dia, a perda foi de US$ 9,26, ou 6,4%, em relação ao fechamento de segunda-feira. Em porcentagem, a queda do dia no fechamento foi a maior desde que os preços retrocederam 4,51% ou US$ 4,94, em 19 de março. Na sexta-feira o petróleo registrou recorde a US$ 147,27. Na bolsa de Londres, o contrato agosto do petróleo Brent perdeu US$ 5,17 ontem, ou 3,59%, cotado a US$ 138,75, após ter sido negociado entre US$ 134,96 e US$ 145,55. "Estamos chegando ao ponto em que o mercado vislumbra possibilidade de ocorrer uma recessão profunda", disse James Ritterbusch, presidente da Ritterbusch & Associates de Galena, Illinois. "Ao ser negociado abaixo de US$ 140, se instaurou no mercado uma grande onda de vendas de contratos de petróleo", disse Addison Armstrong, diretor de pesquisa de mercado da TFS Energy LLS de Stamford, no Estado norte-americano de Connecticut. "O mercado estava a pouco mais de US$ 140, e, quando começou a negociar abaixo desse preço, caiu algo como US$ 2 em um minuto. Nada parecia capaz de segurá-lo. Parece haver certo pânico", completou o especialista. A normalização da produção da bacia de Campos, com um plano de contingência da Petrobras para evitar prejuízos decorrentes da greve dos petroleiros, e a retomada do funcionamento de um duto na Nigéria pressionaram a commodity mais cedo na sessão. Mas a queda foi acelerada depois de o chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, ter falado sobre os sérios riscos econômicos que os EUA enfrentam. "O colapso dos preços indica um mercado de petróleo que está ficando mais preocupado com o impacto de uma economia norte-americana, que se deteriora rapidamente, do que com o contínuo enfraquecimento do dólar", disse Jim Ritterbusch, presidente da Ritterbusch and Associates. Os Estados Unidos, que consomem cerca de 20% da produção mundial, poderão reduzir significativamente sua demanda petrolífera como conseqüência da desaceleração econômica, estimaram os analistas. A empresa de cartões de crédito Mastercard anunciou ontem que o consumo de gasolina baixou em volume pela décima primeira semana consecutiva, na semana passada, nos EUA, no momento em que o país entra no verão, época de grandes viagens de carro. O avanço nos preços da gasolina, que supera a marca histórica de US$ 4 o galão (3,78 litros), persuade cada vez mais os norte-americanos a não usar seus carros como no passado, informaram os analistas. )