Título: Volkswagen pode enfrentar primeira greve da história
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Fonte: Gazeta Mercantil, 16/09/2004, Transportes & Logística, p. A-15
A Volkswagen iniciou nesta quarta-feira as mais duras negociações trabalhistas de sua história com 103.000 funcionários da Alemanha ocidental, com ameaças de greves e imersa em uma crise de vendas e excesso de capacidade de produção. As negociações para assinar o futuro acordo coletivo (o atual expira em 30 de setembro) começam com posições muito distantes entre a direção da companhia e o sindicato do setor, o IG Metall. Há semanas, a imprensa alemã noticia ameaças e reações contrárias das duas partes.
O sindicato pede um aumento salarial de 4% para o próximo ano e garantia de emprego para os próximos dez anos aos 103.000 funcionários das seis fábricas da Volkswagen no oeste alemão. Essa garantia deve se concretizar, segundo o IG Metall, com determinadas decisões de produção e de investimento a médio e curto prazos nessas fábricas. A direção da Volkswagen exige um congelamento salarial para os próximos dois anos, além de uma jornada de trabalho mais longa sem compensações monetárias ou horas extras remuneradas. Essas medidas pretendem reduzir os custos com funcionários em 30% até 2011, o que representa 2 bilhões de euros (2,44 bilhões de dólares). A companhia alemã lamentou ter pago a seus funcionários 10% a mais que algumas de suas concorrentes nacionais e 35% a mais que outras empresas automobilísticas de países industrializados, como os EUA.
O diretor financeiro da Volkswagen, Hans Dieter Poetsch, advertiu recentemente que se não aceitarem o congelamento salarial e outras medidas de economia, 30.000 empregos na Alemanha correrão risco, não só no oeste mas também no leste, onde a companhia tem outros 73.544 funcionários. No entanto, as atuais negociações, que devem ir até o fim de outubro, não atingem os trabalhadores do leste, cujos acordos salariais têm condições diferentes.
Posição de força
A companhia estuda transferir a produção de alguns dos modelos que fabrica na Alemanha a outros países, como a Polônia, onde os custos com mão-de-obra são menores. O diretor local do IG Metall e líder das negociações, Hartmut Meine, reiterou hoje que é contra o congelamento salarial e mostrou seu espírito combativo, consciente "da posição de força" sindical, já que 97% dos funcionários da Volkswagen estão ligados a essa organização. "Se a Volkswagen quer guerra, o IG Metall está disposto a conseguir suas reivindicações com greves e protestos", disse Meine. Se não houver um acordo no fim de outubro, o resultado poderá ser a primeira greve na história da companhia alemã, a maior fabricante de veículos européia.