Título: Investidores estão divididos
Autor: Alessandra Bellotto e Adriana Cotias
Fonte: Gazeta Mercantil, 16/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-1

O mercado financeiro doméstico chegou ainda mais dividido ao último dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definiu ontem a taxa Selic que vai vigorar nos próximos 30 dias. O movimento com contratos futuros de juros, negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), traduziu o impasse entre as apostas para manutenção da taxa básica, aumento de 0,25 ou de 0,50 ponto percentual.

Os contratos de Depósitos Interfinanceiros mais longos revelaram que o mercado está acreditando que o aperto monetário que o Copom deve promover até o final do ano poderá ser menos expressivo do que o estimado anteriormente. Isso porque essa ala de especialistas chama a atenção para a ausência de inflação de demanda.

Nos últimos negócios, o contrato de juros de janeiro projetou taxa de 16,74%, com estabilidade em relação ao ajuste anterior. O vencimento de outubro indicou 16,15% para o último dia de setembro, precificando aumento de, pelo menos, 0,25 ponto da Selic.

O câmbio resistiu à pressão dos credores da dívida pública em dólar, com resgate hoje, e operou em baixa. Nas últimas ofertas, a moeda norte-americana valia R$ 2,904, com desvalorização de 0,17%.

Os especialistas dizem que os preços estão aumentando nas fábricas mas acham que não já espaço para o repasse ao consumidor, devido à falta de avanço da massa salarial. Para essa ala do mercado, o ajuste de 0,25 ponto para a Selic agora pode ser encarado como um remédio preventivo, para que a inflação do ano que vem fique o mais próxima possível da meta de 4,5%.