Título: Polícia Federal investigará cotistas do Opportunity Fund
Autor: Silvia Rosa
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/07/2008, Direito Corporativo, p. A10

A Polícia Federal irá abrir um inquérito para investigar os 84 cotistas do Opportunity Fund, mencionado na Operação Satiagraha por suspeita de fazer parte de um esquema de remessa de dinheiro ilegal ao exterior e sonegação de impostos. O fundo segue a resolução 2.689 do Conselho Monetário Nacional (CMN) que dita regras sobre os investidores não residentes. Hoje constam na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 12.293 investidores não residentes listados dentro da resolução. De acordo com a Associação Nacional dos bancos de Investimentos (Anbid), o patrimônio dos fundos offshore em maio de 2008 era de R$ 33,98 bilhões, contra R$ 33,46 bilhões registrados em junho de 2007. O Opportunity Fund, criado dentro das regras do Anexo IV da Resolução 1.289 do Conselho Monetário Nacional, editada em de 20 de março de 1987 e cujas regras valeram até 26 de janeiro de 2000, não permitia a participação de residentes brasileiros e isentava do Imposto de Renda os investimentos de estrangeiros no mercado de ações. Segundo o relatório da Polícia Federal, o Opportunity Fund movimentou cerca de US$ 1,97 bilhão entre outubro de 1992 e junho de 2004, dos quais as autoridades destacam que só foi possível identificar operações referentes a US$ 233 milhões. Na lista dos 84 cotistas do fundo, segundo o relatório, a maior parte era formada por investidores com nacionalidade e residência brasileira, incluindo empresas do grupo como o Opportunity Lógica Administração de Recursos e Opportunity Computers Systems. Da lista também constam fundos de investimentos e de previdência ligados à companhias estatais, além de outras empresas com capital nacional. De acordo com relatório da Polícia Federal o Opportunity Fund funcionava como um guarda-chuva que agregava 35 classes de subfundos para atender as diversas estratégias de investimento. Os registros dos fundos, bem como as aplicações e resgates e dados dos cotistas eram realizados pelo Banco ABN Amro das Ilhas Cayman. A Opportunity Asset Mangement era administradora do fundos e gestora dos investimentos, responsável pelas aplicações financeiras. Consta na investigação, porém, que o Opportunity havia criado um novo fundo , Opportunity Unique Fund, nos moldes do Opportunity Fund com a intenção de transferir os ativos do primeiro para esse último. O novo fundo, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, tem como diretor o Opportunity Unique Management, e é gerido pelo Opportunity Professional Investment Manager, e tinha como diretores Dório Ferman, atual diretor do Opportunity Asset Mana-gement, e Eduardo Penido.