Título: Petróleo recua pelo segundo dia e comanda tendência das bolsas
Autor: Góes, Ana Cristina
Fonte: Gazeta Mercantil, 18/07/2008, Fnanças, p. B2

Mais uma vez a oscilação no preço do barril de petróleo comandou a tendência das bolsas no mercado doméstico e internacional, deixando para segundo plano indicadores econômicos e resultados corporativos. O preço do barril de petróleo WTI, negociado em Nova York, abriu o pregão em baixa, chegou a ser negociado em leve alta durante a tarde e acabou encerrando o dia com forte desvalorização de 4% para US$ 129,18, abaixo do patamar psicológico de US$ 130. A desvalorização no preço da matéria-prima fez com que o dólar comercial, negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), fechasse em alta pela segunda sessão consecutiva. A divisa norte-americana terminou o dia em alta de 0,13%, cotada a R$ 1,599 na venda, ainda abaixo de R$ 1,60. A moeda acumula perdas de 1,45% na semana e 0,04% no mês. "A desvalorização no preço das commodities sempre afeta diretamente o câmbio", afirma o gerente de fundos da Modal Asset Management, André Simões Cardoso. No mercado de juros futuros, os contratos encerraram apontando queda, refletindo o arrefecimento das pressões inflacionárias devido à baixa do petróleo. O contrato DI de janeiro de 2010, o mais negociado da sessão, passou de 14,99% para 14,94%. O DI de janeiro de 2012 fechou com juro anual de 14,76%, contra 14,84% do ajuste anterior. Janeiro de 2009 fechou com taxa anual de 13,43%, ante 13,42% do último ajuste. No curto prazo, os contratos terminaram em alta. O DI de agosto deste ano ficou em 12,42%, contra 12,38% do ajuste anterior. Outubro apontou taxa de 12,80%, ante 12,78% anterior. O mercado começa a definir suas apostas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá o rumo da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12,25% ao ano. O mercado divide suas apostas em uma elevação de 0,5 ponto percentual e 0,75 ponto percentual na taxa. Uma coisa é certa: o mercado acredita que o ciclo de aperto monetário vai continuar este ano. O Colegiado se reúne nos dias 22 e 23 deste mês. A desvalorização do barril de petróleo e de outras commodities no exterior pressionou a baixa das ações da Petrobras e da Vale do Rio Doce, arrastando a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para uma queda de 3,14%, nos 60.108 pontos, na contramão da tendência de alta do mercado internacional. Se no mercado doméstico a forte queda no preço do barril de petróleo foi uma maldição, em Wall Street foi uma benção. O recuo no preço da commodity alivia as pressões inflacionárias na debilitada economia norte-americana e puxa as bolsas para cima. Pelo segundo dia consecutivo, os índices acionários norte-americanos encerraram em território positivo. O índice Dow Jones fechou em alta de 1,85%, nos 11.446 pontos, o índice S&P 500 avançou 1,2%, nos 1.260 pontos e o Nasdaq ganhou 1,2%, nos 2.312 pontos. O setor bancário foi destaque da sessão. O banco de investimento JPMorgan Chase divulgou queda de 53% no lucro líquido do segundo trimestre. No entanto, o resultado superou a expectativa do mercado. As bolsas européias também tiveram bom desempenho ontem. O índice FTSE-100, da Bolsa de Londres, teve acréscimo de 2,63%, nos 5.286, 30 pontos. O índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, fechou em alta de 1,88%, nos 6.271,27 pontos e o CAC 40, da Bolsa de Paris, avançou 2,76%, nos 4.225,99 pontos.