Título: Angola é janela de oportunidade para exportações
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/07/2008, Nacional, p. A5

A retomada econômica de Angola, depois de enfrentar quase 30 anos de guerra civil, é uma janela de oportunidades que se abre para as exportações brasileiras que devem crescer para aquele país 30% este ano. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil) elaborou um estudo em que lista os setores que têm mais chances de fazer negócios naquele país. Entre eles, estão infra-estrutura, serviços, materiais de construção e decoração, alimentos e bebidas. O mercado angolano já rende frutos ao Brasil na balança comercial. A corrente de comércio entre Brasil e Angola cresceu 500% entre 2004 e 2007, para uma cifra superior a US$ 2 bilhões, conforme revela estudo da Apex ao qual Gazeta Mercantil teve acesso. A cifra corresponde a US$ 1,2 bilhão em exportações brasileiras para aquele país e US$ 945 milhões de vendas de produtos angolanos ao Brasil. O comércio começou a emergir desde 2002, início da reconstrução do país, no qual guerra civil trouxe efeitos devastadores para a economia e sociedade. O estudo tem como referências anos de 2006 e 2007. Apenas em 2006 (neste caso, o estudo não tem os dados de 2007), todas as importações de Angola, incluindo os produtos adquiridos no Brasil, totalizaram US$ 10,07 bilhões. Os Estados Unidos são os maiores fornecedores com US$ 1,55 bilhão, seguidos por Portugal (US$ 1,52 bilhão). O levantamento mostra que a fatia dos produtos brasileiros no país africano, com população estimada em 16 milhões, saltou de 3,5% para 8,3% entre 2004 e 2006. Porém, em 2006 o País perdeu espaço para a China, cuja participação alcançou 8,9%. Enquanto as exportação chinesas atingiram US$ 894 milhões, as do Brasil somaram US$ 836 milhões. A expectativa da Apex para este ano, segundo o gestor de projetos da Unidade de Imagem e Acessos a Mercados, Maurício Manfre, é que os embarques brasileiros para Angola cresçam 30% na comparação com os US$ 1,2 bilhão apurados no ano anterior, que cresceram quase US$ 400 milhões em relação a 2006 (US$ 836 milhões). Em 2006, os principais produtos nacionais embarcados para Angola foram os de metalurgia, açúcar e álcool, materiais elétricos e eletro-eletrônicos, máquinas e motores; e móveis. Na lista encontram-se ainda os embarques de petróleo, carnes e aves, leite e laticínios; e carne bovina e massas e preparações alimentícias. O otimismo da Apex em relação ao mercado angolano deve-se à retomada da economia daquele país. Segundo o levantamento, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para Angola um crescimento econômico médio anual de 15% até 2010, com uma taxa de inflação média ao redor de 10%. Tal cenário é fortemente influenciado pelas receitas provenientes da extração do petróleo e diamantes que são as duas riquezas naturais angolanas que contribuíram com quase 60% do PIB do país em 2007. Angola é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) desde o ano anterior, ano em que a produção angolana de petróleo bruto atingiu 626,6 milhões de barris. Manfre diz que as empresas brasileiras precisam "aproveitar a onda de abertura comercial" para aumentar a oferta de produtos brasileiros naquele mercado. Já existem empresas brasileiras instaladas em Angola. É o caso da Construtora Norberto Odebrecht e a Petrobras, as primeiras a investirem na região, desde o início da recuperação do território. A Apex-Brasil prepara uma ação empresarial ao país entre 7 e 9 de outubro dirigida a empresários dos setores de bebidas, materiais de construção e decoração; utensílios domésticos, máquinas e equipamentos; calçados e vestuário. Antes disso, promoverá seminário, em 12 de agosto, em São Paulo, para apresentar as possibilidades de negócios em Angola.