Título: Colômbia entra para o Conselho de Defesa
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/07/2008, Internacional, p. A12
A Colômbia aceitou fazer parte do Conselho de Defesa Sul-Americano proposto pelo Brasil para articular políticas regionais sobre esse tema, mas condicionou seu ingresso ao combate aos grupos violentos, e que apenas sejam reconhecidas as forças legais dos países. O Brasil propôs no início do ano a criação do Conselho, que servirá para o treinamento de militares, assim como para abordar temas dessa área e de alerta imediato, a fim de evitar conflitos na região. O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, fez o anúncio da decisão no último sábado, perante seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu em visita oficial. Lula e Uribe se comunicaram por telefone com a presidente do Chile, Michele Bachelet, para tratar do tema do Conselho. Uribe revelou que Lula e Bachelet, que preside a União de Nações Sul-Americanas, aceitaram as solicitações da Colômbia para que as decisões do Conselho sejam adotadas por meio de consenso, que sejam reconhecidas apenas as forças institucionais dos Estados, e que se rechace todos os grupos violentos. "Segundo o entendimento ao qual chegamos, a decisão da Colômbia é ingressar no Conselho de Segurança da América do Sul", disse Uribe aos jornalistas, junto ao presidente brasileiro. O presidente colombiano conseguiu impedir que no futuro as guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do menos numeroso Exército de Libertação Nacional possam encontrar espaço para se manifestar nesse organismo, uma razão pela qual inicialmente se negou a fazer parte do Conselho de Defesa da região. Por seu lado, o presidente brasileiro alcançou um triunfo diplomático, já que a oposição da Colômbia era um dos principais obstáculos para a constituição do organismo. A resolução de Uribe de ingressar no Conselho se concretizou apesar da cisão sul-americana entre os países próximos aos Estados Unidos, como Colômbia e Peru, e seus críticos, como Venezuela, Equador e Bolívia. A Colômbia recebe bilhões de dólares dos Estados Unidos em apoio ao combate às guerrilhas de esquerda e ao narcotráfico, situação que o governo de Bogotá tenta manter para o futuro próximo. Durante o encontro dos presidentes Lula e Uribe, os dois países firmaram um acordo de cooperação militar com o objetivo de desenvolver projetos conjuntos entre seus setores militares. "O Brasil não deseja ser apenas um vendedor de armas para a defesa da Colômbia, mas construir fábricas para produzir em conjunto com os outros países da América do Sul, e a Colômbia é um dos que têm a intenção e o potencial para isso", enfatizou o mandatário brasileiro. "Queremos ser parceiros para produzir e vender juntos", acrescentou Lula. A Colômbia fechou em dezembro de 2005 uma negociação para adquirir 25 aviões Super Tucano por US$ 234,5 milhões, a maior compra militar na história recente do país. O ministro da Defesa da Colômbia , Juan Manuel Santos, revelou que seu país aceitou o convite do Brasil para fazer parte do projeto para a construção de um avião de transporte pesado, e que manterá a compra do equipamento bélico. "Seguiremos explorando áreas comuns. Parte do ingresso da Colômbia no Conselho de Defesa tem a ver também com essa busca de denominadores comuns na área da indústria militar", afirmou Santos. O ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, enfatizou que o acordo de cooperação busca a troca de experiências e de tecnologia militar.